Financiamento público rejeita renovação

29 de outubro de 2020

Financiamento público rejeita renovação

Data de Publicação: 29 de outubro de 2020 20:11:00 Maior parte dos recursos de fundos para sustentar campanhas eleitorais nesta eleição beneficia os políticos tradicionais e seus filhos.

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Estrutura de financiamento público de campanha desfavorece a renovação. Maior parte do dinheiro destinado a ajudar na eleição vai para candidatos tradicionais, seus filhos ou parentes. Controle é dos partidos.

 

 

Se depender do financiamento público de campanha, realizado com dinheiro dos cidadãos que pagam impostos, a renovação das cadeiras políticas só ocorrerá por meio dos filhos dos políticos que já estão com mandato ou que já passaram por um antes, o que não será renovação, pois os filhos tendem a repetir os pais.

Dessa forma, o recurso financeiro, que poderia ser uma porta para iniciar mudanças que a sociedade precisa e anseia, passa a ser um elemento de manutenção do estado atual. Formam-se feudos de poder e, a exemplo dos cartórios no Brasil, os pais transferem para os filhos uma fonte de renda, como se houvesse um reinado.

Levantamento feito com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que três dos dez candidatos que mais receberam recursos públicos dos fundos de campanha são filhos de políticos tradicionais e, embora nunca tenham sido candidatos, não significam renovação por virem dessa estrutura.

Além dessa ligação de filhos, outros financiados na lista dos dez novatos com recursos públicos em maior quantidade são parentes de políticos tradicionais, como a candidata a prefeita de Campina Grande, na Paraíba, Ana Cláudia (Podemos), que é mulher do senador Veneziano Vital (PSB-PB), mas não ostenta o sobrenome.

A divisão desigual se aplica ainda na distribuição de toda a verba dos fundos Eleitoral e Partidário. Dos R$ 807 milhões de dinheiro público desses fundos que foram para a campanha eleitoral neste ano, R$ 632 milhões ou o equivalente a 78% foram distribuídos para candidatos que já concorreram em outras eleições.

De acordo com os dados disponibilizados pelo TSE, os políticos que já passaram por algum cargo desde 2000 ou estão com mandato agora ficaram com R$ 528 milhões (65%) do total. O restante foi para novatos, mas que são filhos ou parentes desses políticos tradicionais por conta da decisão dos partidos.

Do total de 54.224 candidatos que receberam recursos dos fundos, 30.285 nunca concorreram a um cargo eletivo, mas os valores que estes receberam são muito inferiores. Mesmo assim, eles estão melhores que a maioria: dos 539 mil candidatos em disputa na eleição deste ano, só 10% receberam verba dos fundos.

Ou seja, ainda falta muito para que se consiga mudar qualquer coisa com a eleição tradicional, em que pese haver candidatos que se aventuram a disputar pela primeira vez em maior número. Essa situação precisa ser pensada pela população para cobrar dos partidos e dos políticos tradicionais de alguma forma.

 

 

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