Se te convidassem hoje para assumir o comando da área onde atua, você aceitaria e teria condições de fazer um bom papel?

Oportunidades são dias de sol no inverno.

Por que eu digo isto?

Simples: elas mudam tudo.

Na minha vida profissional sempre experimentei mudanças que foram provocadas por oportunidades ou por situações que levaram a elas, que eu só entendi depois.

Talvez uma das primeiras oportunidades que tenha tido foi assumir um dos dois jornais da minha cidade aos 23 anos apenas.

Eu tinha entrado para o Círculo dos Trabalhadores Cristãos de Salto, uma entidade ligada à Igreja Católica, apenas para jogar futebol no time que eles tinham em 1984.

De todos os jogadores, eu era o que mais se interessava por jornal. Em 1979 fui até a editora do jornal que viria a assumir para mostrar uma redação com a qual ganhara um concurso.

Virgínia Soares Liberalesso gostou tanto do texto que me convidou a escrever.

Mesmo sem ser jornalista (eu estudava eletrotécnica e pretendia fazer engenharia mecatrônica na Unicamp), passei a escrever.

Acabei me tornando repórter e fui estudar jornalismo, mudando totalmente a carreira.

Depois de formado, alguns meses após ingressar no Círculo, o então diretor do jornal “O Trabalhador”, João Camargo, adoeceu e teve de se afastar, surgindo assim a oportunidade.

Convidaram-me para assumir o jornal, já que eu havia me formado e por estar participando da vida de “O Trabalhador” havia seis anos.

Eu disse: topo.

Fui eleito para o cargo de presidente do Círculo e em seguida assumi o jornal.

Quando comecei a falar na reunião de posse, todos os outros membros do Círculo me olharam com curiosidade. Talvez pensassem como um menino de 23 anos dizia coisas tão conexas e como tinha planos para o jornal.

Não era nenhum gênio não.

É que eu estava preparado para a função.

Sempre que estiver desempenhando um trabalho, seja ele qual for, fique atento a tudo o que envolve essa atividade e aprenda o que é necessário para comandar quem está nela.

Foi o que eu fiz nos seis anos em que estive trabalhando no jornal como mero repórter.

Sabia exatamente o que significava e o que eu tinha de fazer e fora isto que expusera na reunião, dando tranquilidade àquelas pessoas com pouco mais de 60 anos que assistiam.

Permaneci no jornal por três anos.

Exatamente o tempo de mandato do cargo de presidente do Círculo e, como não havia reeleição, deixei a função para mergulhar efetivamente na minha vida profissional como jornalista, desta vez no Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, um jornal diário importante.

Em 2002, eu trabalhava na Gazeta Mercantil.

Depois de ter sido correspondente do jornal na região de Sorocaba por quatro anos, fui informado que todos os funcionários da regional de Campinas, à qual eu estava subordinado, seriam demitidos em 15 dias.

A Gazeta enfrentava uma crise medonha provocada pela má gestão, a qual a levou ao fim, infelizmente, algum tempo depois.

A direção de São Paulo me convidou então para trabalhar na redação da capital.

A proposta era liderar o acompanhamento das principais Bolsas de Valores do mundo.

Sem falar inglês com fluência, poderia ser algo que me assustasse de pronto e foi.

Só que estar preparado para as oportunidades inclui também uma boa dose de coragem.

Se não a tiver, nenhum preparo técnico será suficiente. Então, eu disse: topo.

Algum tempo depois nova oportunidade.

Um amigo, Carlos Maria, me disse que a mulher do então prefeito de Sorocaba se candidataria a deputada estadual e precisaria de um jornalista para liderar a comunicação dela.

Disse que toparia nessa sondagem e veio o convite logo depois para integrar a equipe que estava formada havia só uma semana.

O desafio era eleger uma pessoa totalmente alheia à vida política e que já havia perdido uma eleição quatro anos antes.

Eu disse: topo.

Vencemos aquele pleito com mais que o dobro dos votos da primeira tentativa.

Em 2016, perdi o emprego no último dia de maio e estava preocupadíssimo por ter mais de 50 e por saber que o mercado se fechava.

Mesmo assim, não baixei a cabeça.

Fui em busca de uma vaga.

Nova oportunidade: o então vereador em Sorocaba José Crespo tinha acabado de demitir seu assessor que liderava a sua comunicação e precisava substituí-lo por alguém com coragem.

Isto porque ele era briguento e de poucos amigos e enfrentava uma crise de popularidade.

Depois de anos se reelegendo como deputado estadual, virara vereador e naquele momento tinha a reeleição até para esse cargo ameaçada.

Recebi o convite.

Eu disse: topo.

O desafio é uma mola propulsora para mim.

O que seria restrito a um vereador mudou completamente em junho, um mês depois.

O candidato a prefeito que o vereador apoiava desistiu de concorrer e o indicou. Ele acabou sendo o substituto. De repente, eu estava na campanha para prefeito.

Em outubro daquele ano, o então vereador se tornou prefeito com quase 200 mil votos, praticamente a metade do eleitorado.

Em seguida, fui convidado a ser secretário de Comunicação e Eventos da Prefeitura.

Nova oportunidade.

Eu disse: topo.

Estive secretário por dois anos.

E esta é apenas uma parte da minha história profissional de 40 anos. Se eu não estivesse pronto e se não tivesse a coragem de mergulhar nos desafios, não teria nada para contar aqui. Não é soberba nem ostentação.

Todo profissional precisa estar pronto para assumir a liderança e para enfrentar desafios.

Novos desafios estão acontecendo neste momento e eu estou dizendo novamente: topo.

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