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Use a técnica da cebola para criar tramas
Data de Publicação: 22 de janeiro de 2021 17:38:00 Experiência é uma forma de contar aos poucos, prendendo o leitor, todas as camadas que envolvem a solução da sua história.
Sugestão para jovens escritores é uma maneira de contar histórias por camadas escondendo a solução até o final. Desse modo,o autor consegue prender o leitor e emocioná-lo fazendo-o participar.
Você já se deparou com a seguinte situação: está assistindo a uma série ou a um filme e a trama vai se desenrolando e prendendo cada vez mais? De repente, todo o mistério e o suspense que fez você ficar uma hora e meia na frente da tevê ou no cinema é elucidado e tudo é compreendido e justificado.
Quando termina, você comenta:
- Caramba, que história. Como o cara pensou em tudo isso? Tem de ser um gênio para escrever desse jeito?
Nada disso.
Ninguém precisa ser gênio para ser escritor.
É claro que temos e já tivemos gênios escritores, mas isto é o que ocorre em todas as outras áreas. Há gênios, pessoas inteligentes demais, crânios mesmo, em todas as profissões.
No caso da série ou do filme que você achou bárbaros pela trama envolvente, cheia de suspense, com revelações surpreendentes ao longo da história, tudo isto é feito com técnica.
A técnica que eu chamo da cebola.
Trata-se do seguinte: assim como a cebola é feita de camadas, a história precisa ter essas camadas antes de chegar à solução. Contar a história é ir tirando as camadas até chegar ao centro.
O centro da cebola, o ponto mais importante da história, é a solução de todos os conflitos, normalmente é onde nascem todos eles, ou seja, as justificativas para que tudo acontecesse.
Assim, o que o escritor tem de fazer é compor essas camadas.
Pegue o que quer contar e vá cobrindo essas justificativas para que a sua história existisse com coberturas que escondam tudo.
Tipo: você vai contar a história de uma máfia que quer usar os gênios da ciência para faturar com invenções.
Como na história do filme “Cópias: De volta à vida”, de Jeffrey Nachmanoff, com Keanu Reeves no papel principal. A trama fala da luta de um neurocientista que perdeu a família em um acidente de carro e quer trazê-la de volta à vida. Nada mais natural.
A tese do filme é boa: que chefe de família, que trabalha em um experimento científico cuja missão é transferir a mente de um morto para outro ser vivo, trazendo-o de volta à vida, não iria querer usar os seus conhecimentos para resgatar a família morta?
Essa é a primeira camada da cebola.
O autor criou uma justificativa para o personagem agir e um evento desencadeador dessa ação, o acidente.
Depois vem a segunda camada: os investidores no projeto em que o neurocientista trabalha dão um prazo para que ele fique pronto, pois já investiram muito e querem retorno.
A intenção desses investidores divulgada é que pretendem resgatar soldados mortos em guerras e pessoas inteligentes, notáveis, que a humanidade não poderia perder.
Em seguida vem a terceira camada, que é a reação dos personagens trazidos à vida de novo.
O filme leva o espectador a torcer pelo neurocientista a partir do momento em que os investidores resolvem tirar o dinheiro, sua família se revolta por saber que é cópia e começa a ter efeitos colaterais e o melhor amigo dele na pesquisa científica o trai.
O que mais de ruim poderia acontecer ao mocinho?
Nada.
Mas isto emociona e envolve preparando para a última camada.
Quando tudo parece perdido, o neurocientista e a família dele descobrem que os investidores não queriam salvar soldados ou mentes brilhantes e sim tinham interesses escusos.
A partir daí eles fogem e se salvam.
A crítica bateu forte no filme por conta de várias inconsistências, mas o objetivo aqui não é analisar a produção. Em vez disso, quero falar de como se escreveu, o que demonstra bem a estrutura da cebola de que falei no início e que pode ser usada em qualquer história para esconder as justificativas para a trama.
Eu vi esse filme recentemente e percebi as inconsistências, mas gostei da história e das viradas que foram propostas.
Talvez a falta de dinheiro tenha levado a soluções simplistas que causaram grandes danos à produção.
Só que isso será sempre uma discussão à parte.
Se você é um escritor que está começando, leve em conta a estrutura da cebola para esconder o seu mistério e desenvolva cada camada até chegar à solução.
Verá que não é preciso ser gênio para contar boas histórias.
Só técnica.
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