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Transmitir o que se sabe não custa
Data de Publicação: 29 de agosto de 2020 19:09:00 Veja como uma estratégia de comunicação me colocou no Grupo JLJ Empresas, de Salto, onde trabalhei 11 anos.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Quando há seriedade na imprensa e honestidade no lado empresarial, não há denúncia que siga incólume. Essa foi a situação que encontrei quando fiz consultoria para o Grupo JLJ. Trabalhei lá depois 11 anos.
Ingressei no Grupo JLJ Empresas, um gigante na área de prestação de serviços, que tem sede em Salto, onde moro, por conta de uma consultoria que fiz à corporação em 1998.
Fui chamado pela diretoria para uma conversa sobre a Folha de São Paulo, onde trabalhei de 1988 a 1995. O grupo enfrentava uma pressão muito forte da unidade de Campinas do jornal.
A preocupação dos empresários era tal que não quiseram nem discutir valores e nem eu fiz questão, já que se tratava de uma corporação da minha cidade e de um jornal que conhecia bem.
Ouvi todas as dificuldades que enfrentavam atentamente sem dizer nada. Quando terminaram, eu disse: este caso é simples e muito fácil de resolver, porque a Folha é um jornal sério.
A queixa básica era a seguinte: o jornalista de Campinas ligava para a empresa depois das 17h, quando o expediente já havia se encerrado e dizia no texto que o grupo não atendeu as ligações.
Assim vinha acontecendo havia vários dias já. Saía notícia negativa em manchete, que é o título principal do jornal, e os acusados não se defendiam. Caso típico de quem tem culpa.
Perguntei: vocês já tentaram falar com o jornal? Não, foi a resposta em uníssono. Insisti que esse era o caminho. Não havia razão para eu cobrar uma consultoria: era só eles se pronunciarem.
Expliquei que o jornal sempre respeitou o direito de o lado acusado se manifestar. Esta é uma máxima do jornalismo sério, embora nem todos pratiquem, mas a Folha não era assim.
Eles me disseram então que não gostavam de jornalistas e que temiam pelo que poderiam fazer contra eles. Esse é um comportamento muito comum de empresários do interior.
Jornais como a Folha metem medo mesmo e ninguém quer se colocar em atrito com ela. O medo de jornalistas é outro comum, porque somos profissionais que encalacramos o entrevistado.
Não que os empresários tivessem culpa no cartório. Haviam me passado toda a situação. Tratava-se apenas e tão somente de um mal entendido. Uma conversa com os jornalistas resolveria fácil.
Atendi ao pedido do grupo porque fui indicado por uma pessoa amiga em comum. Embora faça consultorias desse tipo, não achei honesto cobrar por uma ação tão simples e fácil de fazer.
Mas eles insistiram que precisavam de alguém para intermediar. Aceitei. Fiz um e-mail para a ombudsman da época, Renata Lo Prete. Disse apenas que a Folha não seguia o manual de redação.
O cargo de ombudsman foi criado pela Folha para representar o leitor dentro do jornal. Sua função é checar se a ação dos jornalistas não está desrespeitando o direito de quem lê.
O desrespeito ao manual era não ouvir o outro lado. O texto de regramento estabelecia que o jornalista deveria ir pessoalmente ou ligar para o outro lado. Deveria detalhar todas as procuras.
O essencial que não vinha sendo respeitado é que a procura teria de acontecer ao longo do dia ou em várias oportunidades. Desta forma, se garantiria que em algum momento ele será encontrado.
No mesmo dia recebi a resposta dizendo que eu marcasse um horário e uma equipe viria até o grupo para ouvir os empresários. Eles solicitaram que eu estivesse presente e intermediasse.
No dia seguinte, um jornalista da unidade de Campinas veio até Salto. Conversamos antes e depois coloquei-o diante dos empresários, que se defenderam com todos os argumentos.
Mais um dia e toda a crise que vinham enfrentando havia acabado. Em retribuição, os empresários queriam que eu fixasse um valor de pagamento, mas não quis e agradeci a oferta.
Não tinha sentido cobrar para fazer uma coisa tão simples como aquela, eu disse. Resultado: não recebi por esse trabalho, mas acabei servindo ao grupo por 11 anos ininterruptos.
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