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Se você é escritor, cuidado com plágio
Data de Publicação: 26 de fevereiro de 2021 17:08:00 No mundo da escrita criativa não é raro encontrar inspiração em outras obras, mas inspirar-se é diferente de copiar a criação.
Esta é uma ameaça constante no mundo da escrita criativa. Como a área trabalha com a inspiração, o que lemos, vemos, ouvimos ou conhecemos pode nos influenciar na hora de escrever. Mas há cuidados que podem ser tomados para evitar.
Uma das grandes preocupações que qualquer escritor deve ter é com o plágio. Como escrever, sobretudo ficção, é buscar na criatividade uma trama envolvente, muitas vezes somos levados a usar coisas que ouvimos, lemos ou ficamos sabendo e achamos interessantes. Só que isto é crime previsto na Lei dos Direitos Autorais.
O plágio se caracteriza pela cópia parcial, integral ou conceitual de uma obra sem a apresentação da fonte original. Também é crime quando os créditos são dados a outra pessoa sem a permissão explícita do autor inicial.
A Lei dos Direitos Autorais, a 9.160/98, também trata como plágio produções cujos conteúdos sejam diferentes, mas guardem imitação da original e isto ocorre na música, na literatura, na fotografia e em muitas outras áreas de produção criativa do mercado.
Os tipos de plágio integral e parcial são como seus nomes dizem: uma cópia completa ou de partes da obra sem os devidos créditos ao autor. Já o plágio conceitual ou intelectual é aquele cujas ideias, o conceito ou a essência da obra são copiados sem identificar a fonte.
A escrita criativa que é a utilizada na literatura é a que mais está sujeita ao último tipo.
Um dos casos mais famosos de acusação de plágio ocorreu contra a escritora J.K. Rowling, autora da saga Harry Potter, em 2010.
Os herdeiros do escritor Adrian Jacobs alegaram na justiça que a escritora teria se apropriado das ideias de Jacobs para criar o livro “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, o quarto dos sete livros que compuseram a série.
O livro de Adrian Jacobs em que ela teria se baseado é “As Aventuras de Willy, o Bruxo: Nº 1 Terreno Lívido”, escrito por Jacobs em 1987.
De acordo com os advogados, a escritora teria se apropriado da competição de bruxos e da ideia de bruxos viajando em trens. A discussão acabou arquivada, mas foi rumorosa.
Na música, houve um caso famoso também em 1969, quando a gravadora do americano Chuck Berry, astro do rock, acusou os Beatles de copiar a letra e a melodia da canção “You Can’t Catch Me”, que ele compôs e produziu.
John Lennon reconheceu ter tido inspiração na obra de Berry e o chamou para uma conversa. Acabaram celebrando um acordo sigiloso e o processo foi encerrado.
Embora os casos citados tenham sido resolvidos, a prática do plágio é muito perigosa principalmente para quem está começando e nem sempre se resolve rapidamente como nos dois citados. Note ainda que estes casos envolviam autores que já estavam consagrados.
Se isto ocorrer com quem está no início ou ainda não tem uma carreira consolidada, fatalmente a denúncia vai comprometer a credibilidade do autor. Isto além de ele ter punição prevista no Código Penal Brasileiro e na Lei 9.610/98. Uma delas é a detenção de três meses a um ano e o pagamento de multa.
Para evitar o plágio, use duas medidas providenciais: 1) anote toda ideia que achar boa com o nome do autor junto. Assim, poderá se inspirar nela ou criar algo a partir dela sem que faça uma cópia da obra. 2) assim que utilizar algo que criou e que veio à sua mente de forma fácil, não divulgue antes de pesquisar se alguém a quem você admira já usou antes.
No primeiro caso, a referência é muito comum no processo criativo.
Todo autor busca inspiração em outros já consagrados e dos quais ele goste. Inspiração é diferente de cópia. Quando fiz um curso de roteiro para cinema e televisão fazíamos um exercício muito interessante, que era construir um novo final para uma história consagrada.
Nesse exercício, sempre nos deparávamos com a diferença de autoria. O autor consagrado tem um padrão de produção que o iniciante não tem e isto fica marcante quando se faz este exercício. O final bom continua sendo o do autor original, mas novas ideias podem surgir.
Quanto ao uso de alguma coisa que veio fácil à mente, me refiro à criação de tramas. Nenhum autor tem uma criação rápida, completa e perfeita, tudo ao mesmo tempo.
Ou seja, você pode produzir algo original e belo, mas terá de levar algum tempo.
Se veio fácil, desconfie que já tenha visto em outro lugar e pesquise para ter certeza.
O escritor Gabriel Garcia Marquez relatou certa vez que havia pensado em um destino para o personagem principal do livro que escrevia e de repente viu o mesmo final em outro livro de outro autor. Imediatamente, ele duvidou que fosse o autor original e foi constatar, confirmando que não era.
O que ele fez?
Criou outro final, embora achasse aquele do outro autor o mais perfeito para o seu livro.
Criar é uma forma de reunir inspirações.
Você coloca vários ingredientes em um liquidificador chamado cérebro e lá ele bate, bate, bate, até formar uma nova substância.
E eis a sua obra saindo do forno.
Com atenção redobrada e seguindo esses dois passos que citei acima, ficará livre do plágio.
É fundamental que esteja assim sempre.
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