Os questionamentos são a mola propulsora de uma história e são eles que fazem o escritor avançar até o final para respondê-los.

A escrita criativa é um tesouro inesgotável.

À medida que a conhecemos, mais nos encantamos com ela, mais ela nos envolve.

E a coerência do texto não é tudo. É preciso ir além com disposição para longas distâncias.

Uma das formas de evoluir na escrita é fazer perguntas. Quanto mais qualidade tiverem as suas perguntas, mais qualidade terão as respostas e isto é o que gera matéria-prima. O conteúdo criativo nada mais é que respostas.

O texto sempre responde aos questionamentos criados por ele mesmo.

Por exemplo, você cria um personagem.

Ele é um homem rústico, que vive só.

A primeira pergunta que se faz é o que esse homem rústico e só pode fazer para transformar a sua vida, se é que ele quer mudar.

Então são duas perguntas possíveis: o homem rústico e só quer se transformar ou ele está feliz com a sua vida atual sem muitos embaraços?

Podemos responder a essas perguntas facilmente com uma descrição do que o homem fará. Se a opção do autor for por uma transformação, a resposta terá de ser uma receita para essa transformação. Mas, se a resposta for não à mudança, será necessário responder ainda o que ele fará.

O escritor precisa perguntar para si mesmo: o que eu quero com esse personagem.

Ah eu quero contar a história de um homem rústico e só que deixou a cidade onde morava e foi viver a vida longe de tudo e de todos.

Só que antes de ir, ele conheceu Judith.

A morena sacudida, que trabalhava de servente de pedreiro para sustentar os três filhos, caiu de amores pelo homem rústico.

Eles saíram algumas vezes e depois ele desistiu e foi embora para viver longe.

Acontece que a morena Judith engravidou e o bebê vai precisar do pai para o seu desenvolvimento e Judith vai atrás do pai.

Essa jornada leva Judith a conhecer um mundo novo onde vira escrava sexual e perde o filho em um aborto provocado.

O que Judith fará agora?

Não tem mais razão para procurar o homem rústico porque o filho deixou de existir.

A resposta possível é a seguinte: não tem mais filho, mas o homem rústico continua sendo o seu amor da vida toda, mesmo a tendo deixado sozinha e grávida. Judith tem esperança. Então ela vai atrás do ex-companheiro.

Só que o encontra com outra mulher.

Ela pode desistir e voltar ou lutar por ele.

A escolha é a segunda opção.

Nessa empreitada, Judith conhece Carlos. Ele a ajuda e a ampara na sua tristeza.

Com o tempo passando, o homem rústico marca o casamento com a outra mulher.

Judith precisa agir logo.

Será que esse é o melhor caminho?

Novamente uma pergunta pode mudar o rumo da história ou amenizá-la.

A resposta é que lutar pelo homem rústico é tudo que resta à Judith.

Carlos então se declara para ela e a pede em casamento. Mesmo sem amá-lo, Judith resolve aceitá-lo porque não vê esperanças mais.

Ao saber que a ex-mulher se enamorara com Carlos, o homem rústico se pergunta: é certo isso? A resposta é que não.

Então ele larga a outra mulher e vai atrás de Judith, mas ela não o quer mais.

Novamente uma pergunta dá o tom da história: está certa Judith?

Não, se o homem rústico é o amor da sua vida, ela tem de aceitá-lo de volta.

Tudo se precipita quando Carlos sofre um acidente de carro e morre.

Judith finalmente aceita o homem rústico.

E assim eles viveram felizes para sempre.

Veja que foram as perguntas que conduziram a história a partir das respostas dadas.

O escritor precisa perguntar para si mesmo e responder com a melhor resposta que tiver.

Dela sairá toda a sua história.

Quanto mais profundas forem as perguntas, mais trama haverá e mais suspense também. O escritor pode brincar com isso escondendo a sua história até que as respostas a revelem.

Esse é o caminho para grandes histórias.

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