Rio Tietê ainda pode ser salvo

26 de setembro de 2020

Rio Tietê ainda pode ser salvo

Data de Publicação: 26 de setembro de 2020 10:40:00 Relatório de entidade revela melhora da qualidade da água do manancial, mas este é um reflexo da paralisação da pandemia do coronovírus.

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SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO

Relatório divulgado pela entidade SOS Mata Atlântica revela que a qualidade da água do Rio Tietê melhorou. Isto é positivo e gera esperança. Mas é preciso ter claro que essa melhora não é fruto de conscientização.

 

 

São muito positivos e alvissareiros os resultados do último relatório divulgado pela SOS Mata Atlântica sobre o Rio Tietê, mas, ao mesmo tempo, eles são também esperados. Não podemos esquecer que a melhora da qualidade da água decorre muito mais de uma redução da atividade econômica que de conscientização.

A entidade constatou que a pandemia forçou a atividade industrial e os meios de transporte a diminuírem suas atividades e que isto reduziu a poluição chamada difusa, aquela gerada pelo transporte de fuligem de veículos movidos a combustíveis fósseis, além de resíduos persistentes como garrafas pet e plásticos.

Inegavelmente, essa mudança ajudou a melhorar a qualidade da água, reduzindo também a mancha de poluição de 163 quilômetros no ano de 2019 para 150 quilômetros neste ano de 2020, o que corresponde a 26% de todo o rio, conforme medição colhida em 83 pontos distribuídos em 47 rios em 102 cidades da bacia do Tietê.

A falta de conscientização é flagrante nas autoridades responsáveis pelas cidades a montante, sobretudo São Paulo que não age contra os grandes poluidores, o que se pode comprovar pelo grande volume de garrafas pet e plásticos atirados ao rio e pelo esgoto “in natura” também despejado em alguns pontos.

A SOS Mata Atlântica revela em seu relatório que foram encontrados resquícios químicos da presença da Covid-19 no esgoto doméstico despejado no Tietê sem tratamento. Felizmente essa doença não se transmite por esse meio, mas há outras que possuem transmissão nele e às quais os ribeirinhos estão sujeitos.

Outro ponto crítico é que o Rio Tietê está muito vulnerável às variações climáticas, o que gera apreensão em momentos de muita chuva, como ocorreu em fevereiro deste ano. Naquela oportunidade Salto vivenciou a maior enchente dos últimos 40 anos, que espalhou a poluição para as margens afetando pessoas.

Afora as obras necessárias da conscientização contra a poluição, é fundamental que o governo do Estado ataque um problema criado pela cidade de São Paulo, que construiu dois túneis debaixo da barragem de Pirapora para evitar enchentes na capital, sem se preocupar com as consequências às cidades ribeirinhas do interior.

Não é à toa que a vazão do Tietê subiu da sua média de 200 metros cúbicos por segundo para 1.250 metros cúbicos por segundo na enchente de fevereiro. Lastimavelmente, o descontrole e a vulnerabilidade às ações climáticas levaram o rio a uma vazão de apenas 60 metros cúbicos por segundo em abril.

É preciso mudar isto.

 

 

FIQUE SABENDO

Este artigo foi publicado na seção Opinião do jornal Taperá de 26/09/2020.

Imagem da Galeria Lixo arrastado de São Paulo e grande São Paulo pelo Rio Tietê
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