Promessa de campanha do governador João Dória pode afetar negativamente os municípios que ficam às margens do Tietê.

As autoridades e as populações dos municípios ribeirinhos ao Rio Tietê devem ficar alertas com as obras tocadas pelo governador de São Paulo, João Dória (PSDB), no Rio Pinheiros. Elas foram prometidas por ele durante a campanha, não serão deixadas de lado e podem prejudicar enormemente essas cidades.

O Instituto de Estudos Vale do Tietê (Inevat) divulgou um alerta nesta semana sobre um possível retrocesso na destinação das águas do Pinheiros, ainda que a forma atual esteja determinada e prevista na Constituição do Estado de 1989 e também esteja regulada pela Resolução Conjunta SMA-SES 3-1992.  

O temor dos ambientalistas do Inevat se deve a uma crescente ocupação irregular, com interesses imobiliários, de áreas em torno do rio e que se tornariam viáveis com a nova destinação. Desde a década de 90, as águas do Pinheiros vão para a Represa Billings em vez do Rio Tietê, o que tem minimizado enchentes nos ribeirinhos.

Mas não é só isso: o objetivo do governador é criar um hidroanel metropolitano, aproveitando as conexões entre os rios Tietê e Pinheiros, ligados às Represas Billings e Taiaçupeba. Dória quer levar, pela água, toda a carga transportada – ou parte dela – o mais próximo possível do Porto de Santos ou de pontos de distribuição.

Então o temor dos ambientalistas deve se concentrar mais neste aspecto que na especulação imobiliária, pois, antes de toda essa obra, o Rio Pinheiros tem de ser despoluído. As águas emanam odores pútridos por conta das reações químicas. Como não haverá tempo para as obras, Dória vai optar por requalificar o rio.

Essa seria uma alternativa para dar visibilidade política ao governador, que pensa em se tornar presidente do Brasil. A requalificação do rio Pinheiros tem dois objetivos claros. O primeiro é a melhoria da qualidade da água da Billings e o outro o aumento da disponibilidade hídrica naquele reservatório.

Outro aspecto é a valorização do espaço urbano pela recuperação ambiental do entorno resgatando o rio ao lazer da população de São Paulo. Isto impacta politicamente de forma positiva a população que vive em São Paulo e também que passa pela capital, o que significa pontos positivos ao governador.

Portanto, o alerta do Inevat é um indicativo de que essa movimentação do governador é mais perigosa e mais iminente do que se imagina. As autoridades principalmente e a população de modo geral não podem esperar que o projeto se concretize para agir: o ideal é usar as informações já disponíveis para combater.

Isto é crítico, senhores.

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Este artigo foi publicado na seção Opinião do jornal Taperá, de Salto, de 15/05/2021.