Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência.
Proximidade com o chefe não é autoridade
Data de Publicação: 13 de fevereiro de 2021 14:05:00 Algumas pessoas confundem essa situação e acabam causando um mal-estar em toda a equipe e prejudicando o assessorado.
Mesmo em política, onde o panorama das chefias e colaboradores é diferente, é preciso delegar. Cada profissional tem a sua área e deve ser especialista no assunto. É isso que leva o assessorado ao sucesso.
Em política, é natural que o líder procure se cercar das pessoas de sua extrema confiança.
Muitas vezes gabinetes inteiros são montados com pessoas incompetentes ou sem nenhuma aptidão para a atividade apenas pelo fato de serem de extrema confiança do político.
Mas essa regra não basta para a efetividade.
Não adianta ser de confiança e não ter as habilidades necessárias para a atividade.
O que dá a autoridade no assunto é a capacidade de resolver os problemas.
Certa vez vivi uma situação assim.
Aconteceu quando assessorei o então vereador e líder na Câmara de Sorocaba do PSD, mas também ex-presidente do Legislativo, Waldomiro Raimundo de Freitas.
Assim que assumiu, ele trouxe com ele uma secretária que o acompanhava havia anos.
Ela se tornou a chefe do gabinete.
Tudo então dependia das ordens que ela dava e ela era centralizadora, chamando para si todas as informações em torno do político.
Longe de classificá-la como incompetente.
Não é esse o foco deste texto.
Mas a centralização imposta por ela sobre todas as decisões causava desconforto nos demais integrantes da equipe, eu inclusive.
O grupo havia sido formado por um apoiador do vereador e que acabou indicando a maior parte dos membros do gabinete.
O meu trabalho era colocar o vereador na mídia e responder os questionamentos dela sobre a sua atuação e a sua produção.
Na época, o principal jornal da cidade, o Cruzeiro do Sul, tinha uma coluna política sobre os bastidores da área, que era a mais lida.
Eu gozava de um bom relacionamento com os jornalistas desse e dos demais veículos.
A nova chefe de gabinete estabeleceu então que eu não poderia mais enviar textos para a mídia e tampouco falar com jornalistas sobre o vereador sem a intermediação dela.
Os textos que eu produzia eram encaminhados à chefe de gabinete e ela se encarregaria de enviar aos jornalistas.
As informações para notas que sairiam na coluna política do Cruzeiro deixaram de serem passadas, afinal a chefe de gabinete não tinha sequer o contato do profissional responsável.
Descontente com os resultados, já que não aparecia em nenhuma mídia, o vereador questionou-a e ela a mim em uma reunião.
Disse que não havia como garantir publicação de nada se não tinha contato com a imprensa.
Reivindiquei que o trabalho voltasse às minhas mãos, mas a chefe de gabinete se desculpou com o vereador e se recusou.
Em vez disto, determinou que eu lhe entregasse o mailing de todos os jornalistas.
Evidentemente, obedeci.
O problema é que ter o telefone de um jornalista não faz de ninguém uma fonte confiável e menos ainda se a tal fonte falar a respeito de um político, profissão prejudicada pela má fama que alguns construíram.
A chefe de gabinete ligou para todos os principais jornalistas e disse que era ela quem falaria com eles a partir de então.
Perguntada sobre mim, ela informou que eu continuaria a produzir os textos, mas só isto.
Inconformados com a situação, alguns colegas me ligaram e prestaram solidariedade.
Disseram que não dariam nem uma linha que a chefe de gabinete mandasse.
Eu não pedi essa providência, mas a aprovei.
Resultado: o vereador me chamou e perguntou diretamente o que estava acontecendo para que seu nome tivesse sumido do cenário político da cidade.
Contei-lhe a situação.
Ele me disse:
- Mande você diretamente hoje, mas não fale com ela a respeito. Apenas mande e faça o seu trabalho como era anteriormente.
Fiz o que ele determinou.
No dia seguinte, os jornais e as rádios, além dos sites de notícias, haviam divulgado tudo o que eu enviara e alguns deram destaque.
A coluna do Cruzeiro também publicou.
Encontrei o vereador radiante.
Ele me disse:
- A partir de hoje, você volta às suas funções.
Percebi que fizera um teste para saber se daria resultado e, com o retorno alcançado, ele mesmo se encarregou de tirar a chefe de gabinete do circuito e avisar sobre mim.
Essa situação mostrou à chefe de gabinete algumas lições importantes: delegar funções para profissionais das áreas específicas, valorizar a equipe e buscar o objetivo comum com o apoio de todos, tudo isto é fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento.
Até mesmo os políticos.
Anote isto
Em todos os sábados você encontrará um case novo ou uma dica profissional nova neste espaço.
Seja o primeiro a comentar!
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo
Nome
|
E-mail
|
Localização
|
|
Comentário
|
|