Popularização da carreira de escritor envolve riscos

3 de março de 2021

Popularização da carreira de escritor envolve riscos

Data de Publicação: 3 de março de 2021 21:36:00 O compromisso do autor deve ser com a qualidade do material antes de tudo, pois a facilidade de publicar pode levar a produtos ruins.

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As facilidades de publicação de um livro e a ausência de um controle profissional podem levar a produtos ruins. A qualidade deve ser prioridade dos novos escritores. É isto que garantirá que cada livro produzido encontre leitores ávidos por ele.

 

 

A carreira de escritor ganhou mais um impulso significativo com a criação de plataformas de autopublicação, como a da Amazon, afinal, com elas, para se tornar um autor, basta que o cidadão escreva e publique os seus escritos e ele o faz sozinho.

O grande risco dessa particularidade do processo é que a ausência do rigor das grandes editoras e de pessoas especializadas leve ao mercado produtos de segunda linha ou até inaceitáveis nem mesmo para o último dos mercados e que isto conduza à deterioração do desenvolvimento alcançado até aqui.

Se as pessoas começarem a ver apenas livros ruins, podem desacreditar desse mercado.

Os grandes escritores têm o seu público já assegurado e que cresce à medida que eles produzem novos trabalhos e os divulgam, mas os iniciantes ou que ainda não alcançaram o sucesso podem perder terreno de forma vertiginosa se houver um descrédito.

 Não defendo, evidentemente filtros nem análises eliminatórias, apenas alerto que os novos escritores devem se preocupar muito com a qualidade do que produzem e que devem afastar o ego de suas criações.

O ser humano tende a se autoproclamar como o melhor assim que vislumbra uma possibilidade de sucesso, mas o melhor é aquele que a maioria do gênero destaca.

Com mais facilidade para publicar o que produzimos e com mais democratização do processo, a partir de preços mais acessíveis, precisamos ter atenção redobrada.

O momento é de consolidar a popularização das produções literárias com criações de qualidade e que se insiram na vida do leitor de forma perene e satisfatória, como são as grandes obras já produzidas.

Temos hoje uma situação invejável perante a história da carreira de escritor ao longo do tempo e não podemos desperdiçá-la.

Essa trajetória experimentou dificuldades enormes em toda a sua existência e ela própria vive de saltos de desenvolvimentos.

Até o século 19, por exemplo, o mundo não conhecia a carreira de escritor. Ela era restrita a nobres e a integrantes da elite e prestava serviço a essa classe para a sua preservação.

Foi graças às inovações desse período da história que essa realidade mudou.

Também isto se deve ao crescimento da porcentagem de pessoas que passaram a saber ler e a escrever e à redução do preço dos livros, observadas nesse mesmo século.

As mudanças foram tão radicais no século 19 que foi possível surgirem os primeiros best-sellers da história com nomes como o de Júlio Verne, que revolucionou a sua época com a produção de romances marcantes e que se tornaram eternos pela sua engenhosidade.

A ele se juntaram vários outros nomes de destaque nesse cenário, como Victor Hugo, J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis, os quais trouxeram para a carreira de escritor o reconhecimento.

Antes dessa época, os grandes escritores estavam restritos a servir a quem detinha o poder, já que o acesso à produção de um livro e ao desenvolvimento da capacidade de escrever dependia fundamentalmente de posses financeiras, incomuns para a maioria.

Outra grande revolução na carreira de escritor ocorreu a partir de 1454 com invenção da prensa móvel por Gutenberg.

Graças a esse avanço tecnológico foi possível imprimir livros e se registrar efetivamente a história real e as histórias imaginadas. Mas ainda assim o custo do processo era inacessível para a maioria da população mundial.

A história da carreira de escritor se confunde com a história da criação do livro.

A arte de contar histórias, registrá-las e transmiti-las a outras gerações vem desde o Egito Antigo. O processo era feito por meio de papiros, que foram os precursores do papel.

Tratava-se de folhas em formato de coroa na parte superior da planta que foram adaptadas pelos egípcios para a escrita.

À época os escritores eram pessoas das famílias que lideravam as comunidades. Eles escreviam sobre deuses, heróis e cultura dos povos da época. O cidadão comum nunca aparecia nesses escritos.

Na Idade Média, o papiro evoluiu para o pergaminho e isto permitiu aos filósofos e teólogos escreverem de uma forma mais organizada, já que o pergaminho, uma superfície plana feita com a pele de alguns animais, na qual era possível escrever, se tornou mais prático e com mais funcionalidade.

Como se vê, para chegar aos dias de hoje e às facilidades que se apresentam, muitas resistências existiram e foram vencidas.

O grande desafio agora não é mais publicar um livro, mas encontrar leitores ávidos por ele.

 

 

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Imagem da Galeria As formas de publicação se multiplicaram e os custos foram reduzidos ou eliminados
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