Pernas, para que te quero

22 de abril de 2021

Pernas, para que te quero

Data de Publicação: 22 de abril de 2021 19:13:00 CONFUSÃO - Nesta história, conheça o martírio de Martinho, acusado injustamente de um crime, que acaba assustando a suposta vítima.

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Martinho só queria ser simpático, mas Gilda não entendeu dessa forma e o acusou de um crime e quase tudo deu errado.

 

 

Martinho chegava em casa no final da rua Pio 12, no centro, quando viu uma mulher se esforçando para tocar a campainha da sua casa.

O botão ficava um pouco alto.

Não eram todas as pessoas que o alcançavam.

A casa tinha muros altos também.

Assim que percebeu a sua chegada, ela se voltou para ele olhando-o com certo espanto.

Martinho era um homem bonito. Tinha o corpo atlético, olhos verdes. O rosto com uma barba por fazer. A expressão suave.

Com voz grave, pausada, ele disse:

- Eu moro aqui, pois não?

Então ela pediu para entrar.

- Sou a agente da Prefeitura, do setor de combate ao mosquito da dengue. Quero fazer uma checagem no jardim, dar sugestões, enfim executar o meu trabalho. Meu nome Gilda.

Ela também era bonita. Morena, magra, um pouco baixinha. Os olhos pequenos, castanhos. A pele lisinha. Parecia delicada pelos gestos.

O espanto dela era porque, embora façam um trabalho importante, essas agentes se sentem muitas vezes invadindo as casas.

A chegada de Martinho e o anúncio com a voz grave de que morava ali refletiram esse receio.

Em geral, também as pessoas não recebem bem as visitas das agentes.

Mas Martinho agiu com boa vontade, abrindo o portão, sem se dar conta de que não havia ninguém em casa naquele exato momento.

Sua mulher talvez tivesse ido às compras.

Ele pediu que ela entrasse.

Logo a agente percebeu que não havia outras pessoas lá e fez cara de preocupação e medo.

Afinal, entrar sozinha na casa de um homem desconhecido, acompanhada por ele, poderia mesmo ser perigoso e ela não queria riscos.

Martinho percebeu a situação.

Disse-lhe que não se preocupasse.

O homem queria tranquilizá-la de que nada aconteceria com ela, mas não tinha como com aquela situação inesperada da casa vazia.

Gilda fez questão de negar que estivesse com medo, mas era impossível esconder.

A mulher tremia nas mãos e nas pernas.

Sua fala também ficou entrecortada.

Como alternativa, ela afirmou que só iria olhar os vasos de flores externos, pois estava atrasada.

Deixaria para ver dentro da casa outro dia.

E, rapidamente, adentrou o corredor.

Quando estava já próxima de um dos vasos de flores que a mulher de Martinho mantinha perto da porta, ela começou a fazer o seu trabalho.

Martinho se aproximou pelo lado e foi em direção à porta para abrir a sala.

O movimento brusco dele levou a agente a dar um salto para trás com medo de ele a atacar.

Com isso, acabou batendo a cabeça em outro vaso que estava dependurado. A batida foi tão forte e inesperada que a mulher desmaiou.

Martinho ficou atônito com aquilo.

Não iria fazer mal nenhum a ela, mas agora ninguém acreditaria nisso. Nem mesmo aquela mulher, que já agira instintivamente com medo.

Decidiu enfrentar o que viesse.

Para resolver a situação, ele a carregou até o sofá da sala, buscou água e depois passou sal na cabeça enquanto colocava um pouco de vinagre para que cheirasse e acordasse.

Gilda usava uma saia.

A roupa ficara toda desarrumada com a queda.

Ao acordar, a agente olhou para a sua roupa, que estava no sofá e com o homem perto, então só faltou esmurrar o rapaz para sair dali.

Estava desesperada.

Queria a todo custo atingir a porta para sair.

Ele tentou explicar o que ocorrera.

Colocou-se na sua frente tentando segurá-la.

Ao perceber os movimentos, ela se mexeu com energia e se livrou dele, dizendo em alto e bom som que ele havia tentado estuprá-la.

- Canalha, maldito, safado. Não respeita uma trabalhadora. Só porque vim à sua casa...

Assustado, Martinho cortou a fala dela, dizendo que não tentou estuprá-la, mas ela não o ouviu e não queria ouvir nada que ele dissesse.

Como conseguira ficar à sua frente, a mulher o empurrou e Martinho caiu de mau jeito.

Bateu as costas.

Sentiu uma dor forte.

Não conseguiu levantar-se rapidamente.

A essa altura, a agente já estava no portão.

Só que Martinho o havia trancado quando entraram, por segurança.

Em razão disso, para garantir ajuda, Gilda começou a gritar desesperadamente.

Recuperado do tombo finalmente, Martinho levantou-se e foi até ela ainda tentando se explicar. Como ela gritava e se desesperava cada vez mais, ele abriu o portão antes que os vizinhos chegassem. Ninguém iria entender, afinal.

Então a mulher saiu correndo.

Quando as primeiras pessoas apareceram, o vulto dela já dobrava a esquina.

Perguntaram o que havia acontecido e Martinho disse com sua voz grave e pausada que uma mulher tinha sido picada por abelhas africanas e passara gritando por ali.

Depois correra desnorteada rua abaixo.

 

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Imagem da Galeria O medo pode criar fantasmas e estes criarem dúvidas
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