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Pandemia exige reinvenção de negócios
Data de Publicação: 29 de dezembro de 2020 20:16:00 Quem não se articular para entender melhor o momento vai ficar para trás, mas a crise não é só problema: é também oportunidade.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
O momento é de repensar operações de negócios, afinal a passagem do ano marca o tempo do planejamento, uma área que ficou de lado ou que teve de ser refeita muitas vezes ao longo deste ano.
Cada empresa absorve de forma diferente os impactos da pandemia do novo coronavírus. Em algumas ela é devastadora, como em setores que dependem fundamentalmente das aglomerações. Em outras, é um motivador de crescimento, como nas que fazem delivery. Mas o momento é de repensar todos os negócios.
Sobretudo porque o Brasil vai viver a troca de prefeitos e vereadores em janeiro e ainda experimenta a expectativa e o trabalho de bastidores para a outra eleição daqui a dois anos, que vai mudar o presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais e essas mudanças afetam os negócios de alguma maneira.
Um exemplo é a reforma tributária com parte já em análise no Congresso e essa parte é bastante ruim, porque prevê aumento de impostos na fusão dos que já existem e até a criação de novos, um deles muito perverso, que terá outro nome, mas traz os efeitos danosos da CPMF, invenção medonha do passado que, felizmente, acabou.
O repensar é necessário para se verificar alternativas para se manter no mercado, como no caso das empresas que dependem das aglomerações, e para criar um plano de investimento e desenvolvimento no curto, médio e longo prazos para aquelas que estão lucrando com a pandemia, pois tudo ainda é muito novo para ter definições fixas.
Há empresas que estavam de um lado e descobriram um filão do outro lado e agora terão de reavaliar a estratégia para que uma área não sufoque a outra e ao mesmo tempo que aquela que está dando lucro possa dar mais ainda, como ocorreu com a Uber, gigante americana, que enfrenta sérias dificuldades de um lado e lucro do outro.
A Uber é um bom exemplo de como o repensar o negócio pode trazer bons frutos. A empresa divulgou em agosto os resultados da sua operação no segundo trimestre de 2020, com dados que vão de 30 de março a 30 de junho, e eles não são nada bons, afinal os aplicativos de transporte foram alguns dos mais afetados.
A empresa registrou queda no número de usuários ativos, queda no número de viagens e queda no faturamento, tudo fruto do isolamento social em diversas partes do mundo, em que pese que a empresa continuou prestando serviços como alternativa à aglomeração do transporte coletivo, mas nem todo mundo suporta o custo dos seus serviços.
As quedas foram significativas: 44% no número de usuários ativos mensais tanto do aplicativo Uber quanto do aplicativo Uber Eats, que é a operação delivery da empresa, ou seja, 44 milhões de usuários ao redor do mundo, o que impactou 29% de perda no faturamento total da empresa, um prejuízo que equivale a US$ 1,8 bilhão.
A perda referente ao faturamento total do aplicativo de transporte de passageiros foi maior ainda: 67%, o equivalente a um prejuízo de US$ 1,5 bilhão. Esse número é resultado de uma queda de 56% no número de viagens realizadas globalmente, de 1,6 bilhão para 737 milhões, isto comparando-se o executado em 2020 contra 2019.
Em contrapartida, o aplicativo Uber Eats cresceu em uma proporção inversa. O aumento no número de faturamento da plataforma foi de 103%, o que quer dizer US$ 616 milhões. Também aumentou em 50% o número de parcerias com restaurantes. Globalmente, existem mais de 500 mil estabelecimentos cadastrados na plataforma já.
Além disso, a Uber consolidou em julho a aquisição de uma startup chilena especializada em delivery de compras de supermercado, a Cornershop, um novo modelo de negócios onde os usuários podem fazer encomendas de suas compras tanto pela Uber quanto pelo Uber Eats.
A empresa se mostra confiante para conseguir tornar sua operação lucrativa antes do fim de 2021. No relatório do trimestre, ela já anunciou que arrecadou US$ 1 bilhão por meio de empréstimos para expandir sua operação efetivamente, o que significa implementar novas estratégias e possivelmente adquirir outras startups.
Outra estratégia da Uber, anunciada aos usuários foi a colocação no mercado brasileiro do Uber Pass, uma assinatura que oferece descontos e outros benefícios por uma mensalidade de R$ 24,99. O objetivo é fidelizar clientes nesse momento de crise. Nos Estados Unidos, a modalidade foi lançada com êxito em 2019.
É bom lembrar que a Uber vive se reinventando. Em maio de 2019, por exemplo, ela passou a negociar ações na bolsa de valores de Nova York e logo em seguida levou um susto. No dia da abertura, o valor de mercado da empresa era de US$ 82,4 bilhões e em apenas dois dias o valor caiu para US$ 62,2 bilhões. É ou não é de dar frio na barriga?
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