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Paixão pelo que se faz torna tudo melhor
Data de Publicação: 17 de abril de 2021 20:59:00 ACREDITAR - Foi isto que conclui após uma experiência na adolescência quando participei da criação de um noticiário de hora em hora em rádio.
Aprendi na prática que o amor por tudo aquilo que realizamos é o diferencial para obter resultados positivos e rápidos.
- Você diz que está em Indaiatuba e que está ao vivo e depois é só dar o boletim.
Assim Airton Barbi, então meu chefe na Rádio Convenção AM, de Itu, me instruiu sobre como deveria agir nas minhas entradas.
Éramos dois apaixonados pelo rádio.
Ele, um experiente radialista conhecido em toda a região, e eu, um ainda adolescente que tinha acabado de ser contratado para produzir um boletim diário, de hora em hora, durante o horário comercial, ao vivo, direto de Indaiatuba.
Atribuo o sucesso dessa empreitada a essa paixão que tínhamos pelo rádio.
Certamente, a história seria outra se fosse apenas um trabalho como outro qualquer.
A começar pela produção.
Improvisávamos e fazíamos das tripas coração para dar tudo certo.
O ano era 1979.
Em princípio, a ordem dada nada tinha de especial, mas, na verdade, ela encobria uma adaptação criada por Barbi para me dar segurança suficiente para emplacar essa produção de notícias, uma novidade na rádio.
É que a Rádio Convenção, ainda na mão da família Horlimar Pires de Almeida, só tinha programação musical e precisava do noticiário para conquistar novos anunciantes.
Barbi era um faz-tudo por lá.
Assumiu como tal que criaria o noticiário e traria mais anunciantes para garantir a sobrevivência da emissora.
Sem dinheiro para bancar o jornalismo, ele me convidou para me dar uma oportunidade e ao mesmo conseguir o seu objetivo.
Eu ainda estava descobrindo o jornalismo.
Nem estudado tinha, mas já trabalhava no extinto Jornal “O Trabalhador”.
Estava muito encantado com a profissão.
Só não tinha a segurança necessária para entradas ao vivo e menos ainda para dar um boletim oficial de hora em hora.
- Fica tranquilo. Eu te ajudo. Vai dar certo.
A segurança de Airton Barbi era minha boia de salvação e por isso aceitei.
A adaptação criada por ele era a seguinte: eu pegava as informações por telefone de Salto, cidade vizinha a Indaiatuba, onde morava, e ele vinha de Itu, vizinha do outro lado, e, juntos, nós gravávamos o boletim no carro.
Com seu vozeirão característico, Barbi dava a deixa para a minha entrada:
- Vamos ouvir agora o nosso correspondente em Indaiatuba, Eloy de Oliveira.
- Boa tarde Airton Barbi. Estamos ao vivo aqui da delegacia de polícia de Indaiatuba. Neste boletim, que tem patrocínio da bicicletaria da Guia, eu informo que uma mulher matou o ex-marido a facadas. Eles estavam separados havia dois anos, mas o homem, Antônio dos Santos, ficou violento quando Maria Isabel não aceitou reatar o relacionamento. Para se proteger, segundo ela disse em depoimento, a mulher sacou de uma faca de cozinha e atingiu o ex-companheiro no abdome. O ferimento atingiu o fígado e uma hemorragia levou Santos à morte. Maria Isabel foi presa em flagrante, mas foi liberada em seguida após prestar depoimento. Ela vai responder em liberdade. O seu advogado, José Soares de Almeida, vai alegar legítima defesa. Era isso o que tínhamos para informar agora Airton Barbi. Eu volto daqui uma hora com mais informações diretas de Indaiatuba. Eloy de Oliveira, ao vivo, para a Rádio Convenção.
Para ficar perfeito, gravávamos várias vezes.
A paciência dele e a minha vontade de aprender garantiram boletins por um bom tempo e os anunciantes que a rádio tanto precisava para alegria nossa e da família proprietária da emissora.
Esse foi um dos meus primeiros trabalhos no rádio e o reputo como um dos mais gratificantes, pois fizemos acontecer por nossas próprias mãos e garantimos o sucesso.
Para quem faz rádio hoje, quando as condições técnicas são muito amplamente melhores, talvez essa aventura seja comum, mas, para nós que vivemos, ela é pitoresca.
Eu e Barbi deixamos a emissora algum tempo depois desse programa.
Infelizmente, os problemas financeiros da rádio foram se agravando com o tempo.
A crise se agravou tanto mais tarde que acabou por tirá-la da família definitivamente e toda uma história de amor ao rádio se perdeu.
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