Onde achar inspiração para escrever

24 de fevereiro de 2021

Onde achar inspiração para escrever

Data de Publicação: 24 de fevereiro de 2021 15:47:00 Sempre que houver alguma dificuldade para encontrar aquele texto que você gostaria de por na sua tela, use essas dicas rápidas.

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Existem várias formas de driblar as dificuldades para encontrar o melhor material a ser escrito. Mesmo na escrita criativa essas dicas rápidas e fáceis funcionam muito bem. Use-as, mas desenvolva as suas a partir delas.

 

 

Sabe aqueles dias em que você se senta à frente do computador ou da máquina de escrever, para os mais pragmáticos, e não sai absolutamente nada de bom?

Pois é, todo mundo tem esses dias.

Nelson Rodrigues, o grande dramaturgo, que escreveu “A Vida Como Ela é” em breves contos para o jornal durante uma década, a de 50, costumava fumar e tomar café como um louco.

Mas ele tinha quatro saídas que você pode até achar ridículas, só que funcionam.

A primeira delas é um banco de ideias.

O dramaturgo colecionava frases que colhia ao acaso ou que vinham à sua cabeça em diversos momentos. Tudo o que surgia era anotado e guardado na gaveta para uso posterior e era nesses dias que lançava mão.

Outra: ele saía da redação e ia andar na rua, ver pessoas, parava na praça. Só esse movimento de desconcentração da necessidade de escrever rendem boas histórias.

Prefira sempre ambientes externos, abertos, arejados para dar mais oxigênio ao cérebro.

Mais uma dica de Nelson Rodrigues era trocar ideias com outras pessoas.

Não precisa ser um colega de trabalho nem precisa falar sobre o que tem de escrever.

Eu mesmo já obtive ideias conversando com uma mulher que fazia a limpeza na redação do jornal onde eu trabalhava. Simplesmente perguntei a ela como estava e ela começou a falar o que estava enfrentando.

A gente não sabe das histórias das pessoas.

Muitas delas rendem textos engraçados, outras lições de vida, em outras ainda rendem o completo desentendimento humano.

Enfim, as pessoas, eu inclusive, são todas cheias de tragédias, de dramas, de romances, de histórias de luta, de tudo o que se possa imaginar e do que se possa utilizar.

Quem nunca ouviu a frase: “Minha vida dá um filme?” e todas as vidas dão.

A última dica do dramaturgo é escrever a mão e olhe que naquela época ele escrevia à máquina apenas. O computador pode ser uma excelente ferramenta para agilizar todo o processo, mas às vezes é o que trava.

Escrever à mão, com caneta Bic e em um bloquinho de notas, traz à memória muitas situações que não fluiriam rapidamente no computador e também a rotina de teclar cansa.

As anotações à mão servem ainda para que você guarde frases, pensamentos e muitas vezes uma história pela metade ou só o esqueleto dela, que é quando o escritor faz um resumo do que pretende falar na sua trama.

Essas foram as dicas que funcionaram para o dramaturgo Nelson Rodrigues, mas existem outras de vários outros escritores.

Quero passar também algumas que funcionam para mim e que talvez o ajudem.

A primeira delas é relaxar.

Não há produção criativa de qualidade nem que ao menos satisfaça a mãe do autor, que é sempre a nossa fã número um, se não houver uma mente relaxada e tranquila.

É claro que os boletos para pagar estão lá, que os problemas da escola do filho estão lá, que o chefe chato muitas vezes está lá.

Mas nada disso pode atrapalhar a sua produção se você decidir que não vai.

O semiótico italiano Umberto Eco, autor de “Apocalípticos e Integrados”, que reúne uma série de ensaios a respeito da cultura de massas na era tecnológica, disse certa vez que “Nada é mais nocivo para a criatividade do que o furor da inspiração”, ou seja, não dá para fazer nada criativo na pressão do tempo ou de alguém.

Jornalistas, como eu e vários que conheci pelas redações da vida, conseguem encerrar reportagens em um segundo por causa da pressão, mas aí não é uma produção criativa: é técnica e muito fria em relação à literária.

Tire 15 minutos para desestressar.

Saía do ambiente onde está e vá fazer outra coisa que não demande a sua criatividade.

Eu tenho duas calopsitas machos em casa.

Para desestressar, vou até elas e começo a assoviar alguma coisa. Logo elas começam a imitar e uma quer fazer melhor que a outra. Eu passo os dedos nas penugens delas e quando vejo: opta, por que não fazer assim?

Pronto, o simples relaxamento da tensão já traz uma produção e está tudo resolvido.

Outra coisa: às vezes pego um cálice de vinho ou de uma cachacinha doce que tenho em casa e mando goela abaixo. Aquilo dá um tranco e parece que o motor pega de novo.

É se sentar e começar a soltar a imaginação.

O escritor americano Ernest Hemingway, autor do fabuloso “O Velho e o Mar”, gostava muito dessa técnica e colocava ainda os seus personagens para beber nas suas histórias.

Felipe van Deursen conta que o escritor conheceu o absinto em 1921 na França. Ele escreveu a respeito para o jornal canadense “Toronto Star”, em 1922, já que a venda era proibida e a bebida chegou a ser banida da França por um longo período.

Mesmo assim, falou com tanta precisão sobre os detalhes de como tomar e dos efeitos, além dos rituais que a bebida envolvia, que o seu personagem de “Por Quem os Sinos Dobram”, de 1940, a tratava como consolo da guerra.

Enfim, gosto de ver também revistas.

Esse tipo de publicação precisa prender o leitor com a instantaneidade, porque elas ficam velhas muito rapidamente, até por conta dos portais de notícias e de outros meios modernos de informação. Portanto, o que trazem é sempre inspirador e motor para outras escritas.

Minha última dica é colocar uma playlist que te agrade e deixar rolar baixinho ou bem alto, depende do gosto. Sempre vem alguma coisa dessa prática. Dá muito certo para mim com poesia e com textos mais emocionais.

Serve ainda para aventura.

Quando começo a ouvir algo bem a calhar, saem roteiros fantásticos que eu jamais pensaria em fazer, se não fosse por isso.

Use essas, mas descubra as suas.

 

 

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