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O vinho do Natal
Data de Publicação: 27 de maio de 2021 19:13:00 RETRATO DA VIDA - Uma lembrança gostosa da minha infância é o quanto se gostava de vinho na minha família e o quanto ele fazia bem a todos.
Um simples copo de vinho puro mudou a minha vida: aprendi os limites e a necessidade de ir além deles.
Sou o terceiro filho de uma família de seis irmãos. Nasci em Pederneiras em uma época que apelidamos em casa de vacas raquíticas. Nossa dificuldade financeira era intensa naquele tempo.
Ainda menino, minha diversão e a dos meus irmãos era visitar parentes lá uma vez ao ano. Todos os meus avós, tios e primos moravam em Pederneiras.
As viagens eram de trem ou com a velha kombi do meu irmão Edilberto.
A época dessas visitas era sempre o Natal, quando meu pai recebia o décimo-terceiro salário.
Não ganhávamos presentes de Papai Noel.
As viagens funcionavam como tal.
Quando nos encontrávamos com meus primos, era uma festa só.
Havia fartura de comida, de brinquedos e de espaço na casa dos meus tios. A maioria morava em sítios com terras a perder de vista. Eles matavam bois e faziam banquetes sempre.
O vinho é uma lembrança muito forte dessa época. Todo mundo gostava na família.
Lembro com saudade de Natais nos quais se tomava muitas garrafas no almoço.
O vinho deixava os adultos alegres de uma hora para outra e eu achava isso bom demais.
Afinal, fazia com que meus pais esquecessem as dificuldades do ano. Parecia que a vida se transformava em sonho.
Sempre imaginei um mundo melhor para nós.
Em uma dessas festas, talvez tivesse seis anos ou um pouco mais, decidi que queria participar tomando o vinho.
Também queria esquecer o pé descalço.
Mas, embora todo mundo bebesse, havia cuidado especial com as crianças.
O nosso vinho era groselha ou o próprio vinho misturado à água, o que amenizava o álcool.
Nesse dia insisti tanto que tio Odair, o mais alegre, me deu o vinho puro.
Lembro que foi tudo muito rápido. Imagino que meu tio, hoje falecido, mas uma figura fantástica para sempre, quisesse só brincar.
Acho que pensou em colocar o vinho, tirando o copo logo em seguida. Só que seus reflexos estavam lentos. Virei tudo na sequência. O susto foi geral. Ficaram todos boquiabertos. Eu os tranquilizei. Disse que estava tudo bem, não sentia nada. Até me levantar e cair do lado.
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