O que você vai ser quando crescer?

19 de fevereiro de 2021

O que você vai ser quando crescer?

Data de Publicação: 19 de fevereiro de 2021 18:30:00 Responder a essa pergunta sempre me intrigou. Afinal, o que queremos precisa ser planejado e muito bem trabalhado desde cedo.

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Desde muito cedo recebemos essa indagação e poucos têm uma resposta segura. A vida não é o que pensamos, mas o que fazemos com ela. Carreiras são construídas a partir de um desejo que mora dentro de nós.

 

 

Quem nunca ouviu essa pergunta?

Acho que não há pessoas que não tenham passado por ela na infância ou na pré-adolescência e por uma questão muito simples: temos de planejar o que queremos ser.

Sim, planejar para chegar lá.

Ao fazer essa pergunta a uma criança, nós, adultos, estamos preparando essa formação.

Como pais, temos o compromisso de fazer acontecer o que os filhos desejam para si quando se tornarem adultos efetivamente.

Ninguém faz uma viagem dessas de autoconhecimento sem ter um mínimo de preparação e de planejamento.

Mas eu sempre respondi a essa pergunta com uma frase que só se definiu muito depois.

Dizia que queria ganhar a vida escrevendo.

Não é uma definição propriamente.

A escolha está muito aberta.

Mesmo assim, cresci e me tornei jornalista e depois profissional de marketing e ganhei a vida nos últimos 40 anos escrevendo.

Hoje escrever é a minha atividade mais constante independentemente de estar ou não no trabalho. É que a prática leva a melhorias enormes e eu tenho procurado me especializar dia após dia no que escrevo.

Tornar-me escritor foi uma meta na qual só fui pensar recentemente ao mexer nos meus guardados e encontrar coisas das quais eu nem me lembrava mais e que eram boas.

Hoje o ganhar-a-vida-escrevendo tem outro significado e talvez sempre tenha sido esse, o de produzir ficção e não de falar da realidade.

Eu me realizo escrevendo e libero o espírito criativo que há em mim.

Mas muitas vezes a resposta a essa pergunta nos leva a caminhos totalmente diferentes, nos quais jamais pensamos ou nos imaginamos.

Eu tomo como exemplo meus dois filhos, um menino e uma menina, que hoje são adultos.

Não me recordo o que diziam quando eram perguntados o que seriam quando crescessem.

Pensei que ambos fossem seguir a minha profissão, afinal a influência é inegável.

Em casa se respira jornalismo desde sempre.

Meu filho foi o que mais se aproximou.

Certa vez fez um trabalho para a escola criando um jornal para falar do mar.

Era a “Gazeta do Mar”.

Fiquei imaginando que aquilo era um indício.

Depois, quando um ataque terrorista destruiu as torres gêmeas nos Estados Unidos e meu filho foi o primeiro a me dar essa informação, apesar de ter apenas dez anos na época, fiquei certo de que ele seria um jornalista.

Eu estava no jornal trabalhando em uma reportagem e não tinha visto a tevê.

Ao ser alertado por ele no telefone, liguei a tevê e vi o avião se chocando contra a torre.

- Estou vendo agora filho. Que coisa impressionante essa. Um simples avião fazer tudo isso. E são os Estados Unidos.

- Não pai, esse é o segundo ataque. Já ocorreu um antes. Eles surpreenderam os americanos.

Essa foi a troca de palavras que tivemos.

Eu pensava: jornalista, com certeza.

Mas a vida não é o que pensamos.

Ela se molda à sua maneira e dentro do que cada um tem projetado para si.

Minha filha era mais desligada da minha área.

Comprei computadores de mesa para os dois quando ainda eram crianças.

Ela usava a máquina para ouvir música essencialmente e certa vez me surpreendeu e à mãe e ao irmão ao perguntar, em pleno café da manhã, se todos havíamos visto que Saddam Hussein, o ditador iraquiano, tinha sido morto.

A informação tinha três meses já.

Desenvolta completamente desde muito pequena, ela me parecia mais inclinada a ser uma advogada que uma jornalista.

Digo isto pela capacidade de argumentação que sempre demonstrou.

Bom, não me lembro do que eles respondiam quando recebiam essa pergunta, como já disse, mas certamente não era o que se tornaram.

Minha filha formou-se em biologia e trabalha na área desde a faculdade com uma carreira sólida e meu filho fez informática biomédica e também trabalha na área desde lá.

A consolidação da profissão é certa com ele também, pois cresce e se especializa nela.

Como disse no início deste texto, é preciso planejar, preparar, organizar todo o futuro.

Se você quiser ser o que quer que seja, terá de ter essa disponibilidade para se dedicar.

Se a escolha for se tornar um escritor, o caminho para chegar lá exigirá ainda também uma boa dose de persistência.

O que eu queria ser quando crescesse?

O que sou de fato.

Com todas as mazelas pelas quais passei e passo e, olha, me orgulho muito também das carreiras que os meus filhos escolheram.

Eles fizeram o que lhes tocou o coração.

E, a considerar isto, me seguiram sim.

Jornalismo é uma profissão de fé.

Precisamos acreditar em muitas coisas para professarmos essa crença a vida toda.

Uma delas é acreditar que o ser humano pode ser diferente daquele que é notícia.

Afinal, se o cachorro morder o homem, isto não será notícia, mas se o homem morder o cachorro, ah isso sim será notícia.

Eu acredito nisso.

 

 

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