O que atrai o leitor em uma história?

22 de março de 2021

O que atrai o leitor em uma história?

Data de Publicação: 22 de março de 2021 18:40:00 Na era da informação rápida e muito mais visual que qualquer outra, cativar para a leitura se tornou muito mais difícil e estratégico.

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Leia neste artigo cinco estratégias para fisgar quem vai ler o seu texto, seja ele de que assunto for. Coloque em prática e faça testes para melhorar a sua habilidade para usá-las. Na era da informação rápida e visual, fica mais difícil a atenção.

 

 

Vivemos hoje a era da informação rápida.

Tudo precisa ser passado ao nível de poder ser visto enquanto você vai da sala para o banheiro ou então durante o tempo de sinal fechado.

As redes sociais doutrinaram os leitores.

Se não é alguém que eu conheço, se não tem imagem em movimento, se não é bonito ou curioso, dificilmente se conseguirá atenção.

Por isso, os vídeos do Reels no Instagram ou os do Tik Tok têm tanta audiência.

É a piada pronta e curta, sobretudo isto: curta.

Mas será que o leitor só se pega por isso?

Será que os textos longos, os romances, as histórias complexas perderam a vez?

Claro que não.

O que prende o leitor inicialmente é o seu interesse por determinado assunto.

Se eu gosto de balada e vejo algo falando de balada, eu me interesso só por isso.

Mas, se não gosto de balada, a informação passará ao largo de mim.

Ponto inicial então é conhecer para quem está escrevendo: precisamos definir quem nós queremos atingir com determinada publicação.

O segundo ponto é a empatia com o personagem retratado na nossa história.

Se o leitor não se vê retratado, ele não gosta e, se não gosta, deixa de ler.

Isto é uma providência que precisa ser tomada logo de cara, afinal, se a história não fisgar o leitor nas três primeiras páginas, fatalmente o perderá definitivamente.

O leitor precisa se ver naquilo.

Ou então precisa ver alguém que ele conhece ou que admira ou tem afeição.

O terceiro ponto tem a ver com a estrutura de como contar a história.

Normalmente, ela tem de ter o primeiro ato, no qual são apresentados os principais aspectos da história, como quem é o personagem principal, quem é o vilão, onde acontece, em que tempo e o que está em jogo para esses personagens. Depois vem o segundo ato, que é o desenvolvimento dos conflitos, e o ato de encerramento, ou seja, a resolução de tudo com um final feliz ou não.

Na ânsia de mostrar do que falará, o escritor enche de informações logo de cara.

O que acontece é que o leitor se assusta, porque não consegue processar tudo ao mesmo tempo.

O ideal é usar o efeito cebola.

Tudo o que será revelado deve estar no final da história. Para chegar até lá há que se percorrer etapas uma a uma com revelações em todas.

Guarde também um elemento surpresa para que o leitor leve um susto ao saber que determinada pessoa da história, acima de qualquer suspeita, tinha feito a sua sujeirinha.

O quarto ponto é a riqueza das palavras.

Procure dizer as coisas que vão retratar o cenário ou que vão falar dos personagens de uma forma instrutiva, poética e particular.

O que quero dizer com isso?

Que o texto deve trazer construções bonitas e únicas, que só você produziu.

Monteiro Lobato é um grande exemplo disso: quando ele vai contar onde está Narizinho dentro do Sítio do Pica-Pau Amarelo, ele descreve um simples lago com peixes banhado pelo sol como se fosse o lugar mais lindo do planeta.

Leia “As Reinações de Narizinho” e confira.

O último ponto que vou tratar é sobre a beleza também, mas esta nos diálogos e cenas.

Você precisa fazer algo envolvente.

As coisas não podem ser contadas como se fossem uma somatória de falas.

Não, você precisa dizer que as coisas foram um acontecimento e que isto impactou o seu personagem de uma tal forma que ele parte para a ação em razão disso.

Machado de Assis retrata, logo no início do clássico “Dom Casmurro”, a indignação do personagem quando, em um trem, ele tenta mostrar versos que fez e o outro não se interessa. Aquilo parece o fim do mundo da forma como ele retrata com riqueza de detalhes.

Quantos de nós já não tentamos mostrar o que escrevemos a alguém e esse alguém não se interessou? Acho que todos nós já passamos por isso. Daí a empatia do relato.

Bom, era isso que tinha para o papo de hoje.

Pratique em casa: escreva uma história e conte-a em camadas como uma cebola.

Faça o teste para ver o quanto é importante prender a atenção e isto não se dá só com mistérios ou só com suspense.

É possível prender o leitor por ene razões, até mesmo pela indignação ou pela beleza ou curiosidade de alguma pessoa ou lugar.

 

 

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