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Novos prefeitos terão cenário de guerra
Data de Publicação: 12 de outubro de 2020 09:07:00 Gastos realizados por conta da pandemia provocada pelo novo coronavírus neste ano vão afetar o próximo orçamento de forma aguda.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Pandemia permitiu que prefeitos, governadores e presidente gastassem além do orçamento neste ano. Os danos desse comportamento vão ser sentidos em 2021. Quem vai pagar essa conta é a população.
A pandemia afetou a vida de todo mundo neste ano, mas os estragos causados não vão se restringir a 2020. O que pouca gente se deu conta, sobretudo os candidatos a prefeito que disputam o cargo nos 5.568 municípios do país, é que se gastou muito além do orçamento neste ano. A conta virá em 2021 e será pesada para os bolsos do contribuinte, o cidadão, que é quem paga a conta.
Só para se ter uma ideia, sem entrar no orçamento de nenhum município, mas da União, que fica com a maior parte da arrecadação do país, o Brasil tinha uma meta fiscal, ou seja, um objetivo a atingir neste ano, que já era deficitária da ordem de R$ 124,1 bilhões, mas gastou, por conta da pandemia, o equivalente a R$ 570 bilhões só nos oito primeiros meses do ano.
A calamidade pública foi a desculpa, evidentemente, para abusos com finalidades político-eleitorais claras. Quem não se lembra do que significou, na sua avaliação rumo à reeleição, embora ainda faltem dois anos, o pagamento do auxílio emergencial pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido)? Graças ao dinheiro liberado, ele teve a melhor avaliação desde a eleição.
Não é à toa: o pagamento do auxílio emergencial, que foi de R$ 600 no início e agora está em R$ 300, atingiu mais de 67 milhões de brasileiros, o que é muito significativo em uma população de 211,8 milhões. Além disso, o pagamento ajudou a reduzir a pobreza a níveis historicamente baixos, afinal foi um salto da média paga no Bolsa Família em torno de R$ 45 por família.
O presidente se aproveitou dos benefícios da popularidade que o benefício lhe permitiu, dizendo que tinha de ajudar as pessoas prejudicadas pela pandemia, mas não assumiu em nenhum momento a gravidade da doença e contribuiu, sem dúvida nenhuma, para o agravamento da contaminação com sua atitude de negação e com a influência que teve sobre seguidores.
Todos os gastos acima do orçamento, que foram praticados não só pelo presidente Bolsonaro, mas também pelo governador João Dória (PSDB) em São Paulo e os governadores dos demais Estados, além dos prefeitos de todas as cidades, têm data para terminar: a calamidade termina no dia 31 de dezembro deste ano, o que significa que o novo orçamento de janeiro terá de ser ajustado.
A preocupação com esse ajuste é um bom questionamento que o eleitor pode e deve fazer aos candidatos a prefeito. É preciso saber como eles pretendem resolver o problema. Mesmo que surja uma vacina, haverá necessidade de planejar as políticas públicas que podem estabilizar a insegurança sanitária e econômica. As propagandas eleitorais não falam nada a esse respeito.
É claro que ninguém tem soluções mágicas, milagrosas ou rápidas, mas é preciso tê-las. Por exemplo, como será a volta às aulas onde ainda não aconteceram? Como será a retomada da economia? Como será a geração de emprego e renda para atender as pessoas que ainda não conseguiram se recolocar depois do impacto inicial da pandemia? O ideal é formular um plano bienal.
Ouço alguns candidatos falarem em plano emergencial com o objetivo de ligar a ideia na cabeça dos eleitores do auxílio emergencial. Isto é uma jogada de marketing. No subconsciente coletivo existe uma ideia positiva em relação ao auxílio. Mas esse plano emergencial não terá o mesmo significado. É preciso encarar os fatos, prever prazos e mecanismos de ação e agir.
O cenário a ser visto pelas autoridades é o de pós-guerra, isto é, recuperar uma nação devastada. Isto exige um esforço de união e de cooperação enormes. Todos os setores precisam ajudar a reconstruir. Afinal, todos dependem do funcionamento da estrutura que mantém a sociedade. Não dá para quem ganhou com a pandemia achar que não tem nada a ver com quem perdeu.
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De segunda a sexta-feira tem um artigo novo neste espaço sobre política, economia ou negócios.
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