Mulheres precisam mais do seu voto

1 de setembro de 2020

Mulheres precisam mais do seu voto

Data de Publicação: 1 de setembro de 2020 19:25:00 Eleição será mais difícil para as candidatas por causa da sobrecarga que a sociedade impõe a elas.

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SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO

Desigualdade em relação aos homens pode fazer representação feminina recuar este ano. Mulheres têm mais dificuldade para participar da disputa. Situação foi agravada bastante com os reflexos da pandemia. 

 

 

A eleição deste ano será muito mais difícil para as mulheres candidatas que para os homens. Primeiro pela diferença de oportunidades que elas têm em relação a eles. Depois, pelos efeitos da pandemia. Por isto, se puder, dedique seu voto a uma mulher e ajude a fazer justiça.

Apesar de ter conquistado o direito ao voto em 1934 com a promulgação da Constituição daquele ano, até hoje as mulheres não vivem uma situação de igualdade. Hoje a legislação beneficia os homens candidatos com 70% das vagas em disputa a cargos eletivos, o que dá a elas só 30%.

O mesmo percentual é destinado pelo Fundo Eleitoral, mas neste ano há um diferencial: o valor será proporcional ao número de mulheres na disputa. Portanto, se o total de candidatas for menor que os 30% da cota, o valor para a campanha será igual ao número de candidaturas.

 A regra da proporcionalidade vale tanto para o Fundo Eleitoral quanto para o Fundo Partidário, mas neste último o percentual destinado à criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação feminina na eleição é de apenas e tão somente de 5%.

Em relação à propaganda gratuita em rádio e televisão das candidaturas e da promoção e difusão da participação política feminina o percentual é um pouco melhor que o do Fundo Partidário e muito inferior ao do Fundo Eleitoral: fica na casa dos 10% apenas, distante do percentual da cota.

Não bastassem todas essas desigualdades, em que pese que as mulheres são a maioria do eleitorado brasileiro hoje, há ainda outros agravantes que pioraram com a pandemia, como os afazeres domésticos, o desemprego e a demora na retomada de alguns setores da economia.

De acordo com IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019, as mulheres responderam por 92,2% dos afazeres domésticos. Os homens ficaram com 78,2%. As mulheres dedicam 21,4 horas semanais a atividades domésticas, enquanto os homens gastam 10,4 horas.

Esses números são de antes da pandemia. Com certeza, agora eles terão sido mais agravados. E para dificultar ainda mais a situação das mulheres, as escolas e creches públicas não reabriram. Em razão disso, muitas das mulheres terão forçosamente de ficar em casa para cuidar dos seus filhos.

Some-se a isso que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE apurou que 7 milhões de mulheres perderam seus postos de trabalho por causa da pandemia, desde a última quinzena de março. O efeito sobre os homens na mesma situação foi menor: 5 milhões.

O problema é que o primeiro responsável para mais de 80% das crianças no Brasil é uma mulher e 5,5 milhões não têm o nome do pai no registro de nascimento. Um quadro que mostra como é crescente o número de mães solo e de pais ausentes na educação dos filhos no Brasil.

O resultado prático desse quadro crítico de desigualdade é que haverá menos mulheres concorrendo. Afinal, uma campanha eleitoral exige tempo, dedicação e dinheiro em boa quantidade. Isto é tudo o que as mulheres não possuem no momento, mesmo as que são lideranças.

Normalmente, os partidos investem mais dinheiro nos candidatos que têm mais chances de se eleger e quase nunca esses candidatos são mulheres. É um círculo vicioso, porque as mulheres não são as que mais têm chances de se eleger exatamente por não receberem apoio.

Uma pesquisa recente do Datafolha mostra que as mulheres estão mais isoladas e preocupadas com a pandemia que os homens e não é para menos, pois elas estão mais sobrecarregadas em sua sobrevivência e terão de batalhar muito mais para conquistar espaços na política.

O Congresso Nacional avalia uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que prevê reservar cotas fixas de vagas para as mulheres no Legislativo e não apenas cotas para as candidaturas, como acontece hoje, mas não há data nem motivação para a votação e aprovação dela.

A aprovação de uma PEC como essa ou mesmo das cotas que já vigoram precisa estar acompanhada de políticas de capacitação, ajuda, envolvimento e estímulo às mulheres, bem como de uma forte campanha de conscientização sobre a importância da igualdade de gênero.

Com todo o quadro desfavorável, especialistas acreditam que o resultado obtido pelas mulheres na eleição passada deverá recuar em muito neste ano. O Brasil elegeu 638 prefeitas em um total de 5.570 municípios e 7.803 vereadoras em 57.814 vereadores eleitos.

 

 

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De segunda a sexta-feira tem um artigo novo neste espaço sobre política, economia ou negócios. 

Imagem da Galeria A conquista do voto feminino é de 1934
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