Aquele que não se recorda da sua origem, das pessoas que sempre o cercaram e que não vê os seus colaboradores, está morto.

Gestor sem memória está morto.

Não falo de lembrar fórmulas matemáticas ou senhas ou qualquer outra coisa que se refira à rotina do trabalho.

O que enfatizo aqui é guardar pessoas.

Por quê?

Porque são elas que compõem o seu dia a dia na corporação. As fórmulas, as senhas ou qualquer outra rotina pode ser trocada, renovada, melhorada. Daqui a cem anos, elas serão totalmente diferentes.

Ninguém se lembrará do gestor.

As pessoas não.

Essas vão sempre tê-lo como referência boa ou má, dependendo de como agir.

É claro que pessoas podem ser trocadas, renovadas e melhoradas como as rotinas.

Mas nenhuma delas se limita a isso.

Uma pessoa é um universo inteiro.

Quando tratamos as pessoas dessa forma, abrimos o leque para o crescimento.

As potencialidades de cada um, as suas capacidades e o até onde podem chegar só vão aparecer quando se der oportunidade.

Sempre fui um gestor preocupado com isso. Para mim, corporações, métodos e rotinas são meros intermediários.

O que faz realmente o sucesso de qualquer coisa são as pessoas.

Quando falo de memória quero dizer lembrar de como éramos e da nossa essência antes de qualquer coisa.

Ao me tornar secretário de Comunicação e Eventos da Prefeitura de Sorocaba, em 2017, fui muito procurado por pessoas que se diziam minhas amigas.

Na verdade, 98% delas queriam um emprego ou uma oportunidade.

Eu era o veículo para isso.

Sabia exatamente quem era quem.

Mas não desprezei ninguém por isso.

É legítimo ser mau caráter.

Quem nasceu assim, não conhece outra forma de ser e de se apresentar.

Mesmo assim, não fui ríspido, arrogante ou distante de ninguém.

Cada pessoa recebeu seu tratamento, a sua atenção, a sua preocupação.

As que poderiam servir para o processo foram aproveitadas.  As que não, foram encaminhadas. Nunca deixei ninguém na mão, mesmo quando podia fazer pouco.

Sempre dizia aos colegas da imprensa que estávamos no mesmo barco.

Ora o meu barco tinha mais vento e mais velas para seguir, mas haveria de chegarem momentos em que isto de nada serviria para o curso da minha empreitada.

Aí, se eu não tivesse as pessoas comigo, fatalmente estacionaria no mar.

Eu lembrava exatamente da minha origem e lembro hoje ainda.

Sei como se constrói um líder.

Sei como se forja um colaborador.

Essa postura de não afastar ninguém, nem mesmo os aproveitadores, e de considerar que tudo pode mudar da noite para o dia, não me trouxe surpresas.

Ao contrário, me permitiu ser forte sempre diante de tudo o que fosse adversidade.

A minha memória continua ótima para as pessoas. São elas que continuam fazendo o meu caminho mais fácil, mais rápido e mais objetivo. Mesmo as pessoas ruins, que só se aproveitam do gestor.

Todo mundo faz parte do mundo.

Mas nem todo mundo é todo mundo.

O tempo dita normas inescapáveis.

Tenho certeza de que todas as pessoas a quem confiem trabalho sério e honesto me retribuíram com confiança e dedicação.

Quem não ficou nessa lista, deve repensar os seus conceitos.

Tudo nesta vida acontece porque nós nos levantamos da cama e dizemos que queremo fazer e porque fazemos.

Deus sabe disso.

E o diabo também.

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