Liderança exige controle emocional

8 de maio de 2021

Liderança exige controle emocional

Data de Publicação: 8 de maio de 2021 21:30:00 NÃO SEJA UMA PILHA - Gestor que não administra bem suas emoções jamais conseguirá comandar equipe em condições de levá-la ao sucesso.

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No papel de comando, o líder precisa dar exemplos, ser forte e ter domínio de como reage às dificuldades e aos confrontos.

 

 

Se você não controla a sua atitude mental, como acha que vai comandar uma equipe?

Essa pergunta sempre foi um calo para mim.

Afinal, sou humano e como tal tenho sentimentos que não fogem à regra de qualquer outro igual a mim, mas, como gestor, tenho uma cobrança muito maior, que não me permite vários comportamentos comuns a todos.

Líderes dão exemplo, líderes são fortes, líderes não perdem o controle.

Quantas vezes ouvi essas frases.

Só quem comanda sabe que não é fácil seguir essa cartilha de forma intocada.

Ao longo de toda a minha carreira como gestor consegui manter o equilíbrio.

De qualquer forma, asseguro que é uma postura que exige muito do seu emocional.

Várias pessoas acham que é fácil comandar.

Não é.

O ponto crucial é quando um membro da equipe começa a conspirar contra você.

Para tornar a situação ainda pior, some-se a isso o fato de que esse membro não pode ser dispensado, transferido e tampouco confinado.

Vivi uma situação assim quando fui secretário de Comunicação e Eventos da Prefeitura de Sorocaba, entre os anos de 2017 e 2019.

Naquele governo em especial, mas em todos eu entendo que seja assim, a comunicação era uma das áreas mais importantes e decisivas.

Pelo filtro da comunicação têm de passar todas as ações do governo. Uma gestão eleita pelo voto precisa essencialmente da imagem para se manter ou mesmo para ir até o final. Uma imagem não se sustenta sem ações corretas de comunicação e marketing.

Se a comunicação não estiver a par de tudo e se não puder opinar sobre o momento e a forma de fazer, mesmo os melhores estrategistas políticos vão falhar na preservação da imagem.

Durante o período em que estive à frente da pasta, conseguimos manter a boa imagem do governo, apesar dos desgastes grandes que ocorreram por ser um governo de ruptura.

O prefeito se elegeu depois de 20 anos de comando do partido adversário, que já tinha instalado entre os servidores diversos dos seus membros com cargos e vantagens polpudas.

Preocupado com essa imagem e ouvindo assessores de última hora, encastelados na área política, que nada entendiam de comunicação e marketing e arrisco a dizer: de área nenhuma, o prefeito colocou uma assessora direta na minha equipe com a premissa de me ajudar.

Quem trabalha com comunicação sabe que profissionais dessa área não param um minuto. Estão sempre envolvidos com as estratégias e com a rotina de criação. Pois aí começou o meu desafio como gestor, já que a assessora criou o fato de que eu estava sobrecarregado e não conseguia tomar decisões rapidamente.

Ao contrário disso, eu tinha minha equipe na mão e era uma excelente equipe.

O problema é que a assessora tinha o aval do prefeito e isto me desgastava.

Vendo que a equipe me era fiel e que estava muito bem-preparada, a tal assessora conseguiu infiltrar pessoas da sua confiança no meio dos meus com dois objetivos: saber antes do que eu planejava e interferir para não dar certo.

Ciente da situação, retirei a informação sobre as decisões do caminho dessas pessoas e agia rapidamente para que não desse tempo de a tal assessora saber do que se tratava.

O dia fatídico do controle emocional se deu quando convoquei uma reunião com a equipe de vídeo para transmitir uma ação estratégica envolvendo o prefeito e que não podia vazar.

A reunião pegou a tal assessora de surpresa, já que ela não vinha pela manhã ao trabalho.

Mas uma das pessoas colocadas por ela teve de participar da reunião e a avisou pelo WhatsApp. Ao vê-la fazendo isto, pedi que os celulares fossem deixados desligados durante a reunião para não atrapalhar o andamento.

Também pedi à secretária que não permitisse a interrupção sob hipótese alguma.

Sem as informações da sua informante, a tal assessora veio correndo para a Prefeitura a fim de participar da reunião e tentou entrar à força

Barrada pela secretária, ela a ameaçou de demissão, já que falaria ao prefeito da atitude.

A secretária entrou na sala desesperada e me comunicou da ameaça. Minha vontade era sair e dizer tudo o que eu pensava da assessora, mas fazer isto não seria o papel do gestor.

Controlei-me e disse à secretária que a avisasse que ela não era convidada para a reunião e que eu não permitiria a sua entrada.

Ela que tomasse as medidas que achasse necessárias contra mim.

A tal assessora perdeu o controle e desabou a chorar na porta da reunião dizendo toda sorte de impropérios para a secretária e a meu respeito e prometeu se vingar.

O episódio não resultou em nenhuma ação direta contra mim ou contra qualquer membro da equipe, até porque não havia razão para isto, já que o gestor é quem define quem participa ou não de uma reunião estratégica.

Mas a minha atitude de barrá-la ergueu o moral do time e fez com que as pessoas infiltradas fossem cerceadas pelos colegas.

Alguém poderá dizer que eu deveria me demitir do cargo ao saber que o prefeito havia colocado a assessora lá e ela agia dessa forma.

De fato, seria um caminho.

Não o melhor, a meu ver.

Primeiro me certifiquei se era o desejo dele que eu deixasse o cargo e perguntei se a assessora fora colocada lá para me enfraquecer e depois me substituir, mas ele negou e disse que me queria à frente da gestão até o fim.

Fosse ou não verdade, se ele não foi direto comigo a respeito do que pretendia, ficar significava um desafio e vencer a pressão da insubordinação da assessora era um ponto de honra para mim, como foi.

Para comandar equipes precisamos ter sangue frio diante das dificuldades e sobretudo das ameaças. Elas sempre existiram na minha atividade e eu nunca fraquejei diante delas.

Quem me contrata para comandar sabe que pode contar com uma pessoa que enfrenta desafios, se dedica ao extremo e que não teme pela eventual perda de posição.

O que me importa é fazer um bom trabalho.

As equipes que comandei podem falar a respeito das oportunidades que eu criei e do sentimento de grupo que sempre mantive.

 

 

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Imagem da Galeria Na posição de comando não há espaço para alguns sentimentos
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