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Imaginação é o segredo da aventura
Data de Publicação: 13 de janeiro de 2021 19:08:00 Para criar uma boa história que explore o sentimento de busca do desconhecido, não se policie nem se autocensure em nenhum momento.
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Que as histórias de aventuras são comuns como quaisquer outras. O que faz a diferença é que elas trazem invenções de pessoas, de monstros, de lugares, de situações nunca vistas.
Já recebi de candidatos a escritores a indagação: como produzir uma história de aventura, que seja capaz de prender o leitor, sem falar das coisas que nos cercam? Eles reclamam que a primeira ação que temos, quando nos dispomos a escrever, é falar do que conhecemos bem, ou seja, da nossa realidade cotidiana.
É verdade: o que faz parte da nossa vida é sempre mais palpável para ser descrito e o receio disso é que façamos um texto chato e enfadonho, já que é comum à maioria das pessoas. Então, o que esses candidatos a escritores procuram é uma forma de falar que não seja conhecida da média da população, algo inédito.
É claro que não é uma regra imutável que a descrição de fatos comuns aos leitores vá ser cansativa. Há escritores que conseguem mostrar o seu entorno sem se tornarem repetitivos e ao mesmo tempo realizarem a façanha de conquistar quem leia e goste. Um exemplo disso é Geovani Martins, com “O sol na cabeça”.
Lançado em 2018, o livro é uma reunião de 13 contos que retratam várias aventuras vividas pelo autor ou que chegaram ao seu conhecimento em favelas do Rio de Janeiro. Martins é morador de uma delas e conhece como ninguém a realidade que o cerca, mas faz um relato primoroso que conquista o leitor.
O que fez o sucesso do livro desse escritor carioca ainda jovem é a linguagem utilizada. Ele consegue uma descrição detalhada do que se passa dentro e ao redor dos personagens. A sua capacidade de colocar o leitor no lugar do personagem, experimentando o que os seus personagens experimentam sem estar lá, é o inédito.
Mas o segredo para uma grande história de aventura é soltar a imaginação. Não se prenda a convenções, ao que é conhecido, ao que as pessoas esperam. Deixe a sua inspiração criar figuras enigmáticas, monstros medonhos nunca vistos, lugares inexplorados. E conte com eles uma história comum.
Em “Vinte Mil Léguas Submarinas”, escrito em 1869 e 1870, Júlio Verne cria um submarino poderoso e invencível e um capitão que o comanda que brigou com o mundo. O capitão Nemo, um engenheiro inteligentíssimo, sequestra o trio de protagonistas e faz com eles uma viagem pelo fundo dos mares do mundo todo.
Naquela época não se tinha noção de que isto poderia ser feito com um submarino. Verne criou o Náutilus usando a imaginação. O veículo idealizado por ele era completamente autônomo do meio terrestre. Era movido a eletricidade conseguida do sódio do mar. Tinha cozinha industrial e uma biblioteca com 2 mil livros.
A história é comum: um engenheiro inteligente que brigou com o mundo quer mostrar ao mundo que ele é bom. O seu submarino afronta navios e o mundo pensa que se trata de um monstro marinho. A partir disso começa uma caçada ao monstro. Os três protagonistas estão em um navio que vai atrás dele.
O professor Aronnax, naturalista francês; Conseil, seu criado; e Ned Land, arpoador exímio de nacionalidade canadiana, são lançados ao mar quando o navio Abraham Lincoln da marinha norte-americana é destroçado pelo Náutilus. O capitão Nemo os resgata e os leva para uma viagem sem volta pelos oceanos.
Aí está o segredo: o escritor francês soltou a imaginação para criar algo que não existia na sua época e contou uma história comum de briga de egos de gente que é muito inteligente. Juntou a isso: personagens muito sólidos, que deram vida à aventura, e faz uma narração detalhada da exploração que eles experimentam.
Se você quer escrever sobre aventura, o caminho é esse. Não se policie. Deixe surgir o que conseguir imaginar. A partir da criação, conte uma história comum. Quando tiver um enredo forte, terá uma história forte também. Para chegar ao enredo forte, procure motivos para os seus personagens fazerem o que fazem.
Escreva as cenas completas, releia-as e veja se há falhas. As falhas são as coisas que não batem. Corrija-as. Reescreva até chegar ao texto final. Um livro de aventuras não leva mais que três meses para ser escrito. Mas, se demorar mais, não desanime. Às vezes pode demorar. Acredite no que escreve. É isso.
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