Gaveta do tempo

14 de outubro de 2020

Gaveta do tempo

Data de Publicação: 14 de outubro de 2020 20:05:00 INFÂNCIA - Crescer é a única coisa que não devia quando a gente é criança, mas é preciso e um dia sentimos saudade de um tempo que não volta.

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SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO

Quem nunca foi o próprio herói quando criança? Na infância podemos ser tudo o que sonhamos. Quando crescemos, perdemos uma pouco dessa ousadia. Mas o correto não é isso. O correto é sonhar grande.

 

 

Tenho saudade de mim,

o tempo escreve nas sombras.

Saudade daquele menino de cabelos amarelos,

fala destrambelhada, quase sem fim.

 

Vivia de boca aberta.

Alimentava-me de sonho.

Experimentava o prazer de voar

na cidade deserta.

 

Escutava bombas de São João, queria seu caubói.

Via avião no céu, virava piloto.

Brincava de bola na rua, ficava jogador.

Poderia ter sido um herói.

 

A fantasia seria infinita

não fosse o chamado do pai.

É hora de entrar, dizia.

Então me tornava um eremita.

 

Meu pai repreendia-me, já quase calvo:

Moleque solto, feito pipa,

voa demais, cerol leva,

depois precisa ser salvo.

 

Um dia foi árvore que virei.

Plantei-me como semente.

Queria enganar ali, parado.

Mas cresci ao céu, disparei.

 

Por todo lugar os galhos alastraram-se.

Tomaram a rua como um gigante.

Foi-se o tempo, foram-se os controles.

Fiquei torto, os sonhos de menino distanciaram-se.

 

Tenho vontade de sumir

no passado, nas sombras.

Sabia de tudo, menos escapar.

Hoje escapo e não tenho aonde ir.

 

A última nave espacial ficou lá, presa.

O mais longe que vou

é ao espelho de mim mesmo.

Feito uma criança indefesa.

 

 

FIQUE SABENDO

Toda quarta-feira tem uma poesia nova neste espaço.

Esta poesia foi premiada no 12º Concurso Moutonnée de Poesia, da Prefeitura de Salto, em 2001.

E ela está também no meu livro: "Quase Poesia - Emoções de Um Pé Descalço que Olhou o Céu e Viu a Lua", e que pode ser adquirido pelo link: https://clubedeautores.com.br/livro/quase-poesia-2 

Imagem da Galeria No tempo ficam as memórias, na história fica o tempo
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