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Gastos com campanha assustam candidatos
Data de Publicação: 29 de setembro de 2020 09:01:00 Despesas devem ser planejadas tanto para vereador quanto para prefeito e custos devem ser enxutos para manter o fôlego
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Falta de planejamento e de estratégia leva candidatos a vereador a se preocuparem mais com os gastos. Não há mistério nisso. Quem não calculou quanto gastaria e nem preparou o seu nome antes sofrerá mais.
A maioria dos candidatos a vereador empenhada em se eleger está muito assustada com os gastos da campanha. Em um primeiro momento isto se deve à falta de planejamento. Depois à falta de preparação pessoal para a disputa. O fato é que não se ganha eleição sem dinheiro e sem estratégia para a conquista de votos.
Ouço candidato novato dizer que não vai investir recursos financeiros na campanha, porque não quer comprar votos. Não se trata disso. Investimento em campanha é o que se faz para dotar o candidato de condições de se apresentar ao eleitor. Comprar votos é crime e custa bem mais caro do que esse gasto de apresentação.
Há outros que se acham muito conhecidos por suas atividades profissionais que não precisam investir. Há casos em que isto de fato é real, mas são raríssimos. Mesmo quem tem fama anterior tem de investir para conquistar reputação. Afinal, não basta ser conhecido para se eleger. As pessoas têm de confiar para votar.
Na campanha para a Prefeitura de Sorocaba em 2016, na qual integrei a equipe de coordenação do candidato vencedor, dois candidatos a vereador da chapa conseguiram se eleger sem gastar. Um deles tinha uma página no facebook de recolocação de desempregados e o outro tinha uma página de crítica política.
Nos dois casos, é preciso observar duas situações especiais. No primeiro, o candidato já tinha uma reputação como defensor da bandeira do emprego, com ações efetivas na área. As pessoas votaram em retribuição. No segundo, ele tinha uma reputação por atuar politicamente há muito tempo. O voto é nessa trajetória.
Então, a lição mais importante para qualquer candidato, embora agora já seja tarde, é que para se eleger é preciso investir na criação de um perfil anterior à eleição. Não adianta o candidato criar uma página no facebook agora e acreditar que vai conquistar todos os eleitores, porque se apresenta como gente do bem.
Se as pessoas não o conhecerem anteriormente ou não confiarem no seu trabalho antes, nada acontecerá agora. Por isso, o investimento financeiro na pré-campanha é muito maior e mais efetivo que na campanha propriamente dita. O candidato precisa se colocar no cenário político antes de lançar o seu nome.
Tomem como exemplo o deputado federal Alexandre Frota (PSDB), eleito pelo PSL, que era o partido do presidente Jair Bolsonaro. Ele era alguém conhecido do grande público (foi ator pornô e ator de tevê e cinema tradicionais durante anos, além de ter se casado com Cláudia Raia), mas não tinha reputação.
Ao menos não para se eleger. Ninguém confiaria o seu voto nele só pelos predicados anteriores. O que mudou o jogo foi que ele colou sua imagem à de Bolsonaro, que era o candidato da vez. Além disso, muito antes da eleição, ele fazia críticas duras à política do país e ganhou notoriedade e processos por isso.
O resultado em urna de Alexandre Frota, com mais de 155 mil votos e um dos 20 mais bem votados do Estado, é decorrente desse trabalho de pré-campanha que ele fez. Se contabilizarmos em dinheiro gasto, ele não investiu muito, mas contou aí com um bom trabalho que tem um custo, embora não tenha sido pago.
Ou seja, ninguém se elege sem dinheiro e sem estratégia de campanha. Se você é candidato e está assustado com os gastos agora, foque no planejamento para o dinheiro dar até o final da campanha. Senão, tudo que fez não valerá de nada se chegar sem fôlego na reta final e perder para quem nem investiu tanto.
Em uma campanha antiga em Salto, minha cidade, quando participei da coordenação de uma candidatura a prefeito, aconteceu exatamente isto. O candidato guardou dinheiro a vida inteira para concorrer, mas, inexperiente, gastou demais no início e chegou ao final sem fôlego e derrotado, apesar de avisado.
O dinheiro deve ser bem dosado porque temos um fenômeno muito curioso no Brasil, que é a indecisão do voto na boca da urna. Pesquisas revelam que entre 15% e 20% dos eleitores chegam para votar sem ter um candidato e decidem na hora ou pegando um santinho do chão ou ouvindo um conselho de alguém.
É por essa razão que existe a boca de urna até hoje. É claro que isto é mais flagrante para vereadores que para prefeitos, mas vale para os dois. No caso dos candidatos a vereador é mais significativo porque o número de votos para se eleger à Câmara é muito menor e, dependendo do caso, pode nem ser tão expressivo.
Um bom conselho para quem está em campanha agora, é se sentar com sua equipe, mesmo que ela seja apenas a sua mulher e seus filhos ou um cunhado, e repensar os gastos. É preciso guardar para o final. Outra coisa: tente reduzir despesas usando voluntários. Estes ajudam muito e podem baratear a campanha.
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