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Falta estratégia à oposição a Bolsonaro
Data de Publicação: 10 de novembro de 2020 18:09:00 Prováveis candidatos a formarem uma oposição que possa derrotar o presidente em 2022 ainda não se preparam adequadamente.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Candidatos a oposição precisam ler o momento do eleitor. Em 2018, Jair Bolsonaro encarnou o desejo de combater o petismo e que estava cansado dos políticos tradicionais. Mas cada eleição é diferente.
Com a eleição de Joe Biden nos Estados Unidos, derrotando um Donald Trump que teve condução péssima do governo frente ao enfrentamento da Covid-19, que se mostrou racista e dono de um estilo arrogante, preconceituoso e avesso ao resto do mundo, a oposição a Jair Bolsonaro (sem partido) passou a sonhar com o mesmo feito por aqui, considerando desde já o pleito de 2022.
O problema é que falta estratégia a essa oposição, sobretudo porque está mais interessada em se apresentar como uma nova via contra um presidente muito semelhante ao derrotado americano, mas não está atenta ao que o eleitor deseja e esse interesse muda a cada eleição: se o candidato que pretende congregar a oposição não souber ler o que o eleitorado está dizendo, não sairá do lugar.
Em 2018, o eleitor brasileiro estava farto da política e queria jogar todo o sistema na lata do lixo. Se naquela época, Luciano Huck, Sérgio Moro e até mesmo Joaquim Barbosa tivessem se candidatado, era possível que tivessem chances reais de vitória. Jair Bolsonaro encarnou a falta de opção para quem não queria mais o petismo e para quem estava cansado dos outros.
Estamos muito longe ainda de 2022 para encontrar o sentimento do eleitor, mas os candidatos a formar essa frente de oposição como uma nova via a Bolsonaro precisam ficar atentos a fim de encarnar essa demanda que vier. Do contrário, não passarão do desempenho pífio do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), que não passou de 5 milhões de votos em 2018.
A considerar pelo que vem apresentando os candidatos a encabeçar essa oposição, como Sérgio Moro, será muito difícil. Em entrevista ao jornal O Globo, ele demonstrou que não sabe nada de meio ambiente e muito menos de política e patina na justiça. O pior é que não tem nenhuma autocrítica e é incapaz de mostrar preocupação com uma coisa básica, que é a desigualdade social.
O ex-juiz disse que o governo peca pelo discurso na questão do meio ambiente, incluiu o vice de Bolsonaro como opção para aliança não-bolsonarista, considerou que o inquérito sobre a interferência de Bolsonaro na PF é irrelevante e ainda disse que não se arrependia de ter aceitado ser ministro de Bolsonaro, cargo que colocou a sua credibilidade em jogo e que o deixou a pé.
E considere-se que Moro é o que tem mais apelo entre todos os que se aventuram nessa aliança de oposição, segundo as pesquisas realizadas até aqui. O ex-juiz, com todos os seus problemas, tem 13% das intenções de voto contra 35% de Bolsonaro. Fernando Haddad (PT) tem 10%, Ciro Gomes (PDT) e Luiz Mandetta (DEM) 7%, João Dória (PSDB) 5% e Flávio Dino (PC do B) 4%.
O apresentador de tevê Luciano Huck almoçou com Moro no dia 30 de outubro para discutir uma possível chapa, sem definição ainda de quem a encabeçaria. Mas Moro almoçou com Mandetta em julho. Huck almoça toda semana também com presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). Huck também já vinha se encontrando com o governador do Maranhão, Flavio Dino.
Isto mostra que há conversas, há interesses comuns. O que falta mesmo é construir essa oposição dentro daquilo que a população quer e não necessariamente daquilo que ela precisa. Embora esteja claro que os extremismos são condenados, até mesmo de Bolsonaro. Prova disso é que os candidatos apoiados por ele, que tentaram usar a mesma tática, caíram nas pesquisas.
O fato é que não se deve alimentar ilusões de que acontecerá o mesmo que ocorreu a Trump com Bolsonaro, embora eles se pareçam nos defeitos que traduzem suas personalidades. As realidades são diferentes e há ainda dois anos para serem percorridos. Se não houver a leitura adequada do eleitor, esses candidatos vão apenas consolidar a permanência de Bolsonaro.
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