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Evangélicos vão mudar perfil do Brasil
Data de Publicação: 20 de outubro de 2020 17:51:00 Previsões são de que número de adeptos do cristianismo evangélico deve superar o de católicos em uma década.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Mudança da sociedade provocará impactos políticos, nas instituições e na vida das pessoas. Destaque para a adoção de um possível perfil menos conservador. Alterações estão ligadas à vulnerabilidade.
As projeções dos órgãos que acompanham o crescimento da população no Brasil dão conta de que os evangélicos serão maioria entre as pessoas ligadas a alguma religião em uma década. Este movimento de mudança implica em impactos profundos na política, nas instituições e na vida das pessoas.
O antropólogo Juliano Spyer, que escreveu o livro “Povo de Deus: Quem são os evangélicos e por que eles importam”, o qual chega às livrarias nesta semana pela Geração Editorial, com apresentação de Caetano Veloso, afirma que a transformação brasileira nos últimos 50 anos nessa área é inédita em todo o mundo.
Uma das alterações mais profundas que ele prevê em razão da mudança do Brasil de um país católico para um país onde vai imperar o cristianismo evangélico é quanto à postura menos conservadora e mais progressista, já que o movimento evangélico é um desdobramento do protestantismo tradicional.
Sob esse aspecto, no cristianismo evangélico há uma busca de transformação da vida presente e imediata (e não no paraíso) e um interesse maior por empreender. Essas igrejas produzem um serviço que o Estado não dá conta de realizar ou para os quais a sociedade brasileira não tem decisão de se mobilizar.
Para escrever o livro, o antropólogo passou 18 meses morando em uma comunidade pobre no município de Camaçari, na grande Salvador, e fazendo pesquisas sobre comportamento. Ele diz que observou que várias das pessoas da igreja evangélica com quem se relacionava tinham mudado de vida nos últimos tempos.
Tinha gente que tinha participado de organizações criminosas e tinha sido presa, mas eram ótimos pais. Como essas pessoas se reinseriram? Por meio da igreja. Como os estudos do antropólogo comprovaram no período de pesquisa, o melhor caminho para quem esteve envolvido com violência e com drogas é a igreja.
Para corroborar com esse pensamento, o também antropólogo Gilberto Velho diz que o fenômeno social mais importante do século XX foi a migração de nordestinos para as grandes cidades e ele afirma que essas pessoas foram morar nas periferias, onde não tem delegacia, não tem posto de saúde, não tem escola.
O movimento de pessoas em um país com as dimensões do Brasil é significativo, pois em 1950 o Brasil possuía 30% da sua população morando na área urbana. Mas 50 anos depois o número dos habitantes da zona urbana já chegava a 80%. Tudo isto gerou diversas dificuldades e muita vulnerabilidade.
Em entrevista a Caetano Veloso para o Mídia Ninja, o pastor Henrique Vieira revela que as igrejas pentecostais vêm sendo desmerecidas, mas são hoje o único espaço de fala das pessoas mais pobres. São espaços onde elas deixam de ser funcionários de uniforme e cartão identificador e podem chorar e receber ajuda.
Em 1970, os evangélicos eram apenas 5% da população, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para o antropólogo Juliano Spyer, esse crescimento está ligado à vulnerabilidade. O cristianismo evangélico soube dar acolhida melhor para essa demanda que a Igreja Católica.
As transformações que vem experimentando o Brasil, um país comparável com poucos por conta da sua dimensão e o adensamento populacional, não aconteceu nem mesmo com os Estados Unidos, a Rússia ou a França, onde esse confronto já foi conflito e marca a história de vida das pessoas.
Presente em vários lugares, como Estados Unidos, China e Índia, o pentecostalismo não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Só que nesses locais ele não ocorre em números tão expressivos e com consequências tão rápidas para o destino do país. Hoje aqui já são 65 milhões de pessoas adeptas do cristianismo evangélico.
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