Envelhecer é algo que não se pode evitar, mas o que se pode fazer é tirar bom proveito desse processo

Hoje eu percebi que de ontem para hoje fiquei mais velho.

Claro, todos nós ficamos mais velhos todos os dias. Não é isso o que quero dizer. Refiro-me ao fato de que senti que fiquei mais velho do que ficaria no mesmo espaço de tempo.

Parece que o tempo passou mais rápido, que aconteceram mais coisas ou que eu soube de muita coisa ao mesmo tempo.

Esses dias estava observando minha netinha aprendendo palavras, movimentos e percepções.

Isto me fez lembrar de quando era criança e achava que um ano levava uma eternidade para acontecer.

Todo final de ano meus pais nos levavam -a mim e aos meus irmãos- para a casa dos nossos tios em Pederneiras.

Era o nosso presente de Natal.

Eram tantas descobertas e tantos aprendizados.

Coisas incontáveis pelo número de ocorrências.

A impressão que eu tinha era de que o ano não acabava nunca para chegar o dia e, quando chegava, eram tantas que aconteciam que parecia que a gente estava lá havia um ano inteiro já.

Hoje, à medida que envelheço, os anos parecem se fundir em um borrão de tempo e passam a uma velocidade vertiginosa.

À medida que alcanço mais experiência e mais conhecimento, minha percepção do tempo se altera terrivelmente.

Às vezes, parece que estou vivendo em fast forward.

É que estou mais consciente das nuances da vida e das múltiplas facetas que ela claramente possui.

Tenho mais responsabilidades, mais preocupações que se acumulam e a minha mente está sempre em busca de respostas para as complexas questões que a vida me apresenta todo dia.

Tudo isto é muito diferente do que vive a minha netinha.

E ela vai encontrar um mundo muito diferente também do meu.

A tecnologia desempenha um papel importante nesse processo.

Hoje o mundo está mais interconectado do que nunca.

Todo mundo é bombardeado por informações de todos os tipos e o tempo todo, noite e dia sem parar. Acompanhamos guerras ao vivo. Vemos os desastres do mundo em tempo real. Tudo está aqui.

Esses dias, por ocasião do aniversário do atentado aos Estados Unidos, em 11 de setembro, estava lembrando de quando ocorreu e que meu filho já era antenado mesmo tendo apenas 11 anos à época.

Ele foi a primeira pessoa a me dar a notícia do atentado. Quando liguei a televisão no meu trabalho para ver o que ele dizia ao telefone em completa histeria, eu disse: estou vendo e ele me corrigiu: não pai, esse já é o segundo ataque. Está acontecendo agora.

Aquilo me deu um arrepio de medo enorme.

Eu não dormi depois da tragédia.

De repente, não era filme, não era livro. Era real e meu filho de 11 anos sabia antes de mim, mesmo eu sendo jornalista.

Notícias, redes sociais, atualizações em tempo real – tudo isso que existe hoje contribui para a sensação de que tudo está acontecendo em um único dia e percebemos, como eu lá em 2001, que não é possível absorver tudo, saber de tudo e o pior: saber de tudo envelhece mais rapidamente que qualquer passagem de tempo.

Mas, ao ver minha netinha aprendendo tudo ainda, percebo que envelhecer não é apenas uma questão de contar anos, mas também de crescimento pessoal e de percepção de estar vivo.

Cada dia traz a oportunidade de aprender algo novo, de me aprofundar nos meus relacionamentos, de alcançar meus objetivos e de explorar melhor o mundo ao meu redor.

Portanto, mesmo que o tempo possa parecer passar mais rápido do que antes, eu abraço essa jornada e encontro um significado especial em cada um desses momentos.

A percepção de que envelheci mais rápido de ontem para hoje, mais rápido do que gostaria, pode ser um lembrete valioso de que devo valorizar cada dia e fazer o melhor uso do meu tempo.

Tenho comigo que preciso buscar crescimento, conexões significativas e alegria em todas as fases da vida.

Envelhecer é inevitável, mas enriquecer a jornada é uma escolha que está em nossas mãos e eu a quero muito.