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Escritor tem de ter persistência e atitude
Data de Publicação: 3 de fevereiro de 2021 16:28:00 Essas características não são as únicas necessárias, mas são as mais importantes, já que escrever se aprende e se aperfeiçoa.
Biografias ensinam muito a quem está começando como escritor. Elas trazem o perfil de quem já chegou lá e mostram como ele fez. Fundamentalmente nos dão lições inestimáveis, capazes de mudar uma carreira.
Uma das minhas preferências de leitura são as biografias. Nesse tipo de livro se aprende muito do perfil necessário para se alcançar os objetivos que buscamos. Para quem pensa em ser escritor, histórias de vida de grandes nomes da área podem inspirar.
Aprendi lendo biografias de escritores, destacados nos cenários nacional e internacional, que é necessário ter muita persistência e atitude para vencer nesse meio tão difícil.
É claro que não são só essas características, mas elas se destacam e podem dar um norte para uma carreira.
Exatamente pela dificuldade que existe, insistir, passar por cima de críticas maldosas muitas vezes e ainda produzir com qualidade não são tarefas que se consegue sem esforço e dedicação.
Não faltam exemplos também de gente que consegue alcançar o sucesso muito rapidamente por outras razões, mas estes são casos mais raros, embora também sirvam de inspiração.
Nesta quarta-feira (3 de fevereiro), por exemplo, o Estadão trouxe um podcast com MC Fioti, cantor de funk que estourou em 2017 com a música “Bum Bum Tam Tam” e que agora, no finalzinho de janeiro, voltou a explodir com o hit da vacina Coronavac da farmacêutica Sinovac e do Instituto Butantan.
O curioso é que ele fez a música em cima de uma peça criada pelo compositor alemão Sebastian Bach (1685-1750), uma referência de música erudita, para flauta solo.
A sonoridade parecida de Bum Bum Tam Tam com Butantan abriu as portas a viralizar de novo. É claro que isto é fruto também da agilidade dele para criar a letra rápido e embarcar na onda.
Saindo dessas tiradas de sorte, a realidade de quem quer ser escritor não é simples, ainda que tenha sido bem mais facilitada com os recursos de auto publicação atualmente.
Na história do mestre do terror Stephen King, por exemplo, se pode verificar que ele quase desistiu.
Para quem observa que hoje King é o nono autor mais traduzido do mundo e um dos escritores que mais vendem livros da história, não dá para imaginar que ele amargou uma rejeição dura de editores de livros quando ainda não tinha lançado nenhum.
Stephen King chegou a achar que era um fracassado.
Tanto que o seu primeiro livro, “Carrie, a Estranha”, quase não passou de uma ideia desprezada porque foi jogada no lixo.
“Carrie” contava a história de uma jovem dotada de poderes psíquicos especiais. Vítima de bullying, ela se vingava de alunos da escola onde estudava. Essa história todo mundo conhece.
Só que ela não empolgou as editoras.
King bateu em várias portas com a história debaixo do braço.
A cada não, a cada crítica maldosa, a cada falta de apoio, ele foi diminuindo de tamanho e se irritando.
Até que um dia ele pegou o romance inteiro impresso em folhas de sulfite e as amassou com raiva. Depois jogou tudo no lixo. Estava ali encerrada uma carreira de escritor que nem tinha começado.
Graças à mulher com quem ele se casou em 2 de janeiro de 1971, Tabitha Spruce, a literatura mundial, sobretudo as de terror, ficção sobrenatural, suspense, ficção científica e fantasia, nas quais o escritor norte-americano é especialista, não perdeu esse grande talento, que já produziu tanto para leitores e espectadores.
Tabitha também é romancista e ativista filantrópica.
Ela conhecia o meio e não concordou com os editores em rejeitar a obra do marido e nem com a decisão do companheiro de abandoná-la em uma lixeira como se não prestasse.
Imediatamente após tomar conhecimento, ela apanhou os amassados do lixo e disse a King que ele era um grande escritor e que tudo iria mudar, bastava que insistisse e tivesse atitude.
Falar é fácil dirão muitos ao ler esse trecho.
Mas essa mensagem de ânimo e de esperança, que certamente todo autor gostaria de ouvir e a maioria não ouve, sobretudo de pessoas próximas deles como Tabitha era de King, foi o que garantiu a continuidade da história do escritor norte-americano.
Em princípio, Stephen King não acreditou muito no que a mulher falava. Achou que ela estava dizendo tudo aquilo para animá-lo por ser seu marido. Mas as coisas mudaram quando ela apontou a ele, depois de incentivá-lo, ideias e sugestões para mudar o romance.
King acrescentou coisas como, por exemplo, o fato de Carrie destruir a cidade fictícia de Chamberlain, onde vivia, por conta do bullying, o que deu mais peso ao seu drama pessoal.
O livro ganhou com isso um poder surpreendente de horrorizar.
A primeira tiragem foi lançada em 5 de abril de 1974.
Eram 30 mil cópias.
O romance rendeu a Stephen king 2,5 mil dólares adiantados e outros 200 mil dólares de direitos autorais depois e se tornou best-seller, filme, programa de TV, musical e peça teatral.
Para quem acha que não vale a pena insistir e ter atitude, os livros de Stephen King já venderam mais de 400 milhões de cópias e já foram traduzidos para mais de 40 países.
O norte-americano publicou 59 romances, 7 sob o pseudônimo de Richard Bachman e 6 de não ficção. E escreveu cerca de 200 contos. Alguns viraram filmes, séries e minisséries.
As biografias nos ensinam muita coisa.
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