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Driblando as redes sociais
Data de Publicação: 7 de novembro de 2020 17:03:00 Às vezes a solução está bem próxima, mas não a avaliamos como a melhor por causa da pressa e da preocupação em ser rápido.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
As administrações públicas jamais serão as mesmas depois das redes sociais. Entender como elas funcionam e como atuar nelas é fundamental para o profissional da área. Mas quase sempre é uma tarefa difícil.
Durante minha passagem pela Secretaria de Comunicação e Eventos da Prefeitura de Sorocaba nos dois primeiros anos do último governo, vivi uma crise criada e provocada pelas redes sociais, que foram, desde o início, o grande algoz da gestão.
Tratava-se da divulgação de uma suposta sondagem do prefeito sobre o substituto da secretária de Educação. Marta Cassar havia pedido demissão e cogitava-se nas redes que Rodrigo Moreno entraria em seu lugar por ser uma espécie de curinga.
De fato, ele já havia sido secretário de Recursos Humanos, de Saúde e tinha conhecimentos para ser titular de qualquer pasta. Só que o problema estava na Educação. A maior secretaria do governo em recursos e pessoas exigia um titular profissional da área.
Moreno, embora um bom administrador e um competente gestor de pessoas era advogado. Seu nome havia de fato sido sondado pelo prefeito, mas caiu como uma bomba nas redes. A rejeição fazia onda e crescia para assustar surfista.
Eu tinha de domar as redes, mas a intenção do prefeito de escolher o advogado persistia. Esperei para dar um remédio. A situação tinha de se concluir primeiro para ter uma ação de comunicação e também de marketing político.
Já havia soltado desmentidos a respeito da sondagem, até porque o prefeito queria indicar o advogado, mas não havia falado efetivamente com ele. Havia uma reunião marcada para a tarde, onde se discutiria o tema com o próprio Rodrigo Moreno.
Os desmentidos não surtiram efeito. O temor dos militantes políticos dentro da rede de ensino era que o novo gestor promovesse mudanças drásticas. Ele era conhecido por alterar as estruturas substancialmente e tinha seu time próprio.
Em conversa com o prefeito, avisei sobre a rejeição ao nome de Rodrigo Moreno e sugeri que indicasse alguém interinamente. Assim apaziguaríamos os ânimos e teríamos tempo para uma solução mais adequada e que pudesse ser trabalhada.
Ele não aceitou. Era avesso à nomeação de interinos. Não havia outro nome tão bom quando o de Rodrigo Moreno na visão dele. Outros secretários chegaram a sugerir mais nomes para a função sem ser o advogado, mas o prefeito estava inclinado por ele.
Buscando uma solução que se ajustasse aos objetivos do governo e também que me ajudasse a acalmar as redes, cheguei a um nome: Mário Bastos, que estava secretário de Recursos Humanos e tinha um componente especial por ser professor.
Estava ali a chance de mudar todo o clima que as redes estampavam. Depois da rejeição de Moreno era necessário algo muito ao desejo da pasta para salvar. Bastos era professor universitário e tinha boa avaliação dos alunos a quem atendia.
Eu só tinha de convencer o prefeito. Minha estratégia foi atuar na outra ponta. Conversei com Rodrigo Moreno sobre a sua rejeição nas redes sociais e entre os integrantes da rede de ensino. Mas ele foi melhor: disse que a Educação já não era sua meta.
O prefeito aceitou o nome de Bastos após fazer a reunião com Rodrigo Moreno e ouvir dele o não. O professor aparecia como uma solução boa, mas não definitiva para o prefeito. Por isso, apesar de não gostar, ele o nomeou como interino.
Após a aprovação de Bastos, em março de 2018, imediatamente tratei de divulgar para a imprensa, sobretudo a que se fazia por meio das redes sociais, onde alguns veículos tinham mais força, e disse que um professor assumiria o cargo de Marta Cassar.
A reação foi ótima, principalmente nas redes. Um professor era tudo o que os segmentos que protestavam queriam. Contribuiu para o sucesso o perfil conciliador de Bastos. A sua gestão foi nessa linha. Por isso ele foi efetivado logo depois e conduziu a pasta bem.
As administrações públicas nunca mais foram as mesmas depois do advento das redes sociais e arrisco a dizer que a transformação será ainda maior nos próximos anos por conta da conquista de credibilidade que elas vêm registrando dia após dia.
Aprendemos com elas a sermos mais rápidos e a sermos mais assertivos nas soluções. Antigamente, era possível pensar em uma saída para o dia seguinte ou até para a semana seguinte. Hoje não. A resposta precisa ser imediata e por isso precisa ser melhor.
É em razão dessa pressa que algumas soluções, que são simples e de fácil decisão, acabam muitas vezes não sendo lembradas. A solução Mário Bastos estava na mão muito antes, mas escapava à observação por conta da urgência de se decidir.
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