Sempre devemos correr atrás dos nossos sonhos, porque são eles que nos inspiram, mas nunca devemos sonhar longe demais.

Ela queria um amor para chamar de seu:

sonhava com um príncipe encantado.

Ele queria alguém para cuidar da sua roupa:

estava cansado da lavadeira, que manchava tudo.

Encontraram-se casualmente no supermercado.

Ela se apaixonou na hora, porque ele era lindo.

Ele se apaixonou na hora, porque ela tinha jeito de mãe.

Namoraram, noivaram e se casaram.

Depois de algum tempo, ela cobrou o amor

com o qual havia sonhado a vida inteira.

Ele disse que amava o jeito de ser dela.

Ela continuou querendo um amor.

Ele estava feliz com a vida que tinha.

Um dia ela disse que ia embora para viver.

Ele disse: viva aqui mesmo: tem um monte de roupa ainda

para lavar antes de segunda-feira e eu vou viajar.

Ela o chamou de insensível, de brutão e de muitas coisas mais.

Mudou-se para uma cidadezinha no interior da Bahia.

Nunca mais falou com o homem lindo da roupa suja.

Vinte anos depois voltou e soube que ele continuava lá.

Estava mais lindo ainda com os cabelos grisalhos.

Reaproximaram-se, namoraram e se casaram outra vez.

Depois de algum tempo, ela cobrou o amor

com o qual havia sonhado a vida inteira.

Ele disse que amava o jeito de ser dela.

Ela continuou querendo um amor.

Ele estava feliz com a vida que tinha.

Mas ela nunca mais foi embora.

Na Bahia, também não havia o amor para chamar de seu.

Pelo menos ele era lindo.

Informação complementar

Todas as quinta-feiras você encontrará uma poesia nova neste espaço.