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Cresce impacto de redes sociais nos negócios
Data de Publicação: 1 de dezembro de 2020 17:14:00 Repercussão da morte de um homem negro em uma de suas unidades causou prejuízos significativos ao Carrefour.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Repercussão sobre a morte de um homem negro em uma de suas unidades causou prejuízos financeiros ao Carrefour. Rede precisa se reposicionar em relação à forma como trata colaboradores.
O impacto das redes sociais nos negócios do mundo corporativo vem crescendo à medida que essas redes ganham mais credibilidade. Ao contrário de um passado ainda recente, quando o que se publicava era visto como fofoca, hoje as redes se tornaram referência e o seu comportamento muda mercados.
É claro que ainda não atingiu o patamar da influência dos veículos tradicionais, mas está muito próximo e quem não se der conta disso pode perder dinheiro. Sobretudo porque o acesso a elas está cada vez mais democratizado e abrangente, embora ainda não se tenha uma preocupação com a sua linguagem.
O melhor exemplo de perdas com o impacto das redes sociais é o Carrefour Brasil. A rede francesa já perdeu o equivalente a R$ 2,46 bilhões nas suas ações desde a morte de um homem negro na unidade de Porto Alegre (RS). O homem foi assassinado por seguranças do hipermercado no dia 19 de novembro.
No dia do crime e um dia após, não houve um impacto significativo mesmo com as notícias dos veículos tradicionais. Mas, no final de semana que se seguiu ao caso, a morte ganhou repercussão negativa nas redes sociais, principalmente porque se espalhou que era crime de racismo. O Carrefour sucumbiu.
A demora da rede em dar uma resposta à altura dos acontecimentos e a sua inércia na tomada de soluções agravou ainda mais os danos ao patrimônio. Em um período em que o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo subiu 3,7%, as ações da empresa caíram 4,34%, o que é significativo.
Na verdade, além da falta de ação e de uma resposta à altura, o Carrefour Brasil sofreu um acumulado de irritação nas redes. A morte do homem negro é só mais um caso envolvendo o nome da rede francesa nos últimos tempos no Brasil. O pior é que isto não serviu para que a rede se conscientizasse.
Em 2018, em outro episódio rumoroso, um cachorro foi morto em uma loja em São Bernardo do Campo. A situação correu o país e desgastou a imagem. Em agosto de 2020, funcionários de uma loja no Recife (PE) também levaram o nome da rede à lona. Eles cobriram com guarda-sóis um promotor de vendas que infartou.
Em outro episódio, este no Rio de Janeiro, o Carrefour demitiu uma funcionária de uma de suas unidades depois que ela reportou aos seus superiores ter sido vítima de racismo e de intolerância religiosa em seu local de trabalho. A situação relatada por ela havia acontecido na zona oeste da capital fluminense.
Nenhum desses casos ganhou a repercussão da morte do cliente negro, mas talvez não tenha acontecido porque não eram casos tão graves. Para se ter uma ideia do quanto a imagem do segurança socando a cabeça do homem foi longe: Washington Post, Le Monde e El País publicaram reportagens sobre o assassinato.
O Carrefour Brasil ainda conseguiu recuperar R$ 710 milhões até o final de novembro, mas a situação não é confortável. Tanto que a rede retirou o termo “Black Friday” de suas promoções na sexta-feira (27/11). Também tem investido em um fundo contra o racismo. Mas o que falta é melhorar o treinamento do seu pessoal.
De qualquer forma, que ninguém subestime as redes sociais e os estragos que podem provocar nos negócios corporativos. As empresas precisam perceber que o consumidor hoje tem voz. Essa voz é capaz de ecoar forte e rápido em todo o país. Ainda mais quando envolve preconceito, racismo e intolerância.
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