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Como liberar as emoções para escrever
Data de Publicação: 11 de fevereiro de 2021 22:47:00 Não existe história criativa no mundo literário sem que os personagens mostrem os seus sentimentos diante do que vivem.
Uma das maneiras é colocando o que sente no papel. Ao fazer isto, seus sentimentos serão aflorados e poderá começar a entender o que se passa. Depois use da memória de situações vividas e por aí vai.
Uma das qualidades fundamentais para se tornar um bom escritor é saber como liberar as emoções nas histórias que você conta.
Sim, porque o que faz um texto criativo são as emoções que ele traz e que ele provoca.
Sem emoções, não há envolvimento do leitor e nem há a conquista para a leitura, o que é imprescindível para um texto literário.
Um texto sem emoções é um texto técnico.
Textos técnicos integram a rotina de trabalho e por isso são lidos obrigatoriamente. Estes não precisam do gancho para atrair nem das emoções para prender. Tampouco da trama para justificar a produção da escrita.
Precisam apenas de fundamentação técnica.
Mas o escritor trabalha principalmente na elaboração de textos literários, criativos.
Se você quer se tornar um autor com relevância, precisa produzir material que atraia e prenda o leitor e que o faça torcer por seus personagens como torce no futebol ou vôlei.
Afinal, as motivações são iguais: a emoção.
O primeiro passo para liberar as emoções na hora de escrever é começar produzindo textos sobre a sua vida e as suas experiências.
É como se fosse escrever um diário.
Aliás, psicólogos recomendam que crianças tenham um diário, onde possam contar o que acontece com elas como forma de liberar os sentimentos por meio de palavras.
Por que isto?
Porque essa liberação leva a criança a entender como as coisas acontecem na sua vida e por quais razões elas acontecem.
Ao entender o processo daquilo por que passa e daquilo que enfrenta no seu dia a dia, a criança se torna menos fragilizada e consegue utilizar essa postura na vida prática dali em diante.
A situação é a mesma com o escritor.
A partir do momento que ele entende como e por que razão passou por determinadas situações nas quais sua emoção foi lá em cima, ele consegue repetir as reações nos seus personagens e na sua história em si.
Quando fiz um curso de roteiro para cinema e televisão em Campinas, tive como uma das atividades de conclusão criar uma história que pudesse ser produzida para cinema ou tevê.
A atividade tinha de ser realizada ao longo do curso e apresentada apenas no seu final, mas eu escrevi a minha história no primeiro final de semana das aulas e já a apresentei.
O que aconteceu foi que todos os colegas e o professor passaram a analisar o que eu tinha feito, já que não havia outra história pronta.
Uma das implicâncias deles foi com a atitude da mãe do personagem principal frente ao alcoolismo do marido: na minha história, ela não saia de casa e não abandonava o companheiro.
Todos os colegas diziam: mas, se ele a agride e também ao filho quando está bêbado, o que ela tem de fazer é deixá-lo e cuidar da sua vida.
Muitas mulheres vivem essa situação.
Em grande parte dos casos elas não os abandonam por questões econômicas, mas há outra parcela considerável que não abandona o marido por amá-lo e acreditar que ele sairá dessa situação mais cedo ou mais tarde.
Era essa a razão da minha personagem.
Defendi a posição dela diante da classe de forma veemente, porque já tinha presenciado situações como aquela, inclusive uma vizinha minha vivia a mesma situação.
Veja como a construção do personagem fica mais sólida a partir do conhecimento do sentimento que se tem em determinada situação de crise vivida na trama.
O autor precisa estar atento às reações para que o público que vai ler não se espante com a sua história e nem deixe de lê-la.
O segundo passo para liberar as emoções é procurar definir o núcleo dramático do personagem e situá-lo nesse grupo.
Por exemplo, se o meu personagem é um avarento por natureza, ele nunca será uma pessoa caridosa, que ajuda alguém na rua ou que tem sentimentos de piedade.
Isto já norteia como será o personagem.
Outra forma é traçar o curso de vida do personagem. Isto é, de onde ele vem, o que acontecerá com ele e para onde ele vai. Com essas definições, é possível dar emoções ao personagem que o conduzam nessa estrada.
Tome como exemplo um personagem que virá do nordeste, lutará para se estabelecer em São Paulo e conquistará o exterior com seu negócio, que é um tipo de música.
Pronto: esse personagem já tem como se comportar, o que fazer e até como se vestir.
A última dica sobre a liberação de emoções para escrever uma história é buscar as emoções que você já conhece: tipo, como sua mãe se comportava diante de uma situação como dona de casa ou como seu pai se comportava ao perder o emprego e precisar sustentar a família. Essas situações estão latentes em você. Ao relembrá-las, você terá a emoção para o seu personagem que vive aquela mesma situação.
É há a possibilidade ainda de você inventar um comportamento totalmente absurdo que vai ser explicado depois, mas que chocará o leitor de cara e poderá fazê-lo ir até o final da história.
Enfim, escrever um texto literário exige fundamentalmente transbordar emoções.
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