Como garantir coerência ao seu texto

3 de maio de 2021

Como garantir coerência ao seu texto

Data de Publicação: 3 de maio de 2021 11:43:00 PAPO COM O ESCRITOR - Há uma fórmula mágica para que o leitor não se sinta perdido como em um labirinto quando ler o seu texto.

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O escritor precisa ficar atento a esse detalhe na hora de escrever para garantir que o leitor entenda o que quis dizer.

 

 

O escritor precisa ter coerência ao escrever.

Você já deve ter ouvido essa frase em algum momento, se está nessa trajetória.

Não é à toa.

A coerência é o que dá sentido ao texto.

O autor precisa ficar atento a essa questão se quiser ser reconhecido pelo que escreve.

Do contrário, será reconhecido pelos erros.

Em resumo, a mensagem transmitida pelo texto precisa ser entendida pelo leitor.

Para isto, é necessário que as ideias sejam interligadas e que façam sentido.

É o que se chama de cadeia de ideias.

Ou seja, o texto tem uma lógica de ideias que se complementam, não se contradizem e conferem significado à mensagem.

A coerência textual pode ser narrativa, argumentativa e descritiva.

Em todas elas, o que está em jogo é a significação do texto. Se os sentidos não tiveram a continuidade em cada cadeia de ideias o leitor não terá a compreensão esperada.

Na coerência narrativa, o texto obedece a uma lógica entre ações e personagens, o que quer dizer que cada ação tem um tempo que permite conhecer a ordem dos acontecimentos e tudo isto sem contradições, é claro.

Por exemplo, João chegou do trabalho mais cedo e muito nervoso. Ana não entendeu de pronto o que o marido tinha, pois ele não falava. Até que descobrisse, ela se irritou com ele.

O que o incomodava era uma dor de dente. Desde manhã vinha sentindo repuxar no canto da boca. A dor era tão forte que o impedia de falar. Tudo que João queria era ficar quietinho.

Como não sabia o que ele tinha, Ana jogou o prato de comida que segurava quando ele chegou sobre ele. Tudo se espalhou pelo chão. Ao descobrir a dor de dente, ela pediu desculpa. João ficou vermelho de raiva, mas perdoou.

A coerência argumentativa mostra exemplos, opiniões e dados como argumentos. Tudo isto evolui para uma conclusão.

Neste caso também é necessário manter uma sequência lógica de acontecimentos, até porque é ela quem vai sustentar a argumentação.

Veja o exemplo: a produção de leite em Minas Gerais caiu muito nos últimos meses. A situação se agravou depois que produtores reduziram o rebanho em 30% vendendo as vacas leiteiras para o abate. Eles dizem que o valor pago não compensa o gasto que têm com a produção.

O protesto deu resultado.

A cooperativa que adquire o leite e o revenda para os mercados decidiu aumentar o valor pago por litro e isto agradou os produtores.

Já na coerência descritiva, o escritor precisa passar um retrato das pessoas, coisas e ambientes em detalhes para que o leitor consiga entender particularidades da história.

Para isto, usa figuras de linguagem que condizem com a cena, o ambiente e o tempo para situar a história e os acontecimentos.

Por exemplo, o velho Geremias caminhava com dificuldade. Uma das pernas havia ficado dura por causa da paralisia. Mas isto não o impediu de ir atrás da negra Jurema. Ele se apaixonou por ela e precisava vê-la.

Quando chegou ao comércio onde ela era dona, se deparou com Mustafá. O amante da negra ficou com ódio nos olhos de ver o velho Geremias atrás da sua mulher.

Para quem visse de fora, os olhos vermelhos do Mustafá poderiam ser entendidos como fruto do cheiro forte da creolina que a negra jogava nos cantos contra baratas, mas não era.

Ele se aproximou do seu adversário e não teve pena por ele ter a deficiência. Começou a bater sem parar no velho homem. Foi quando João de Deus, um roceiro da região, não aceitou. O lavrador pegou uma foice e cortou a cabeça do Mustafá. O sangue se espalhou por todo lugar.

A negra Jurema chorou pelos dois.

O velho Geremias foi preso no lugar de João de Deus como cúmplice, porque o lavrador fugiu e nunca mais ninguém o viu por lá.

Três dicas importantes para a coerência textual são: não permita contradições, tautologia e quebra da relevância.

A primeira é quando as ideias contradizem a lógica. A segunda quando um termo é repetido demais prejudicando a compreensão. A última é quando as ideias têm sentido isoladas, mas não formam um conjunto para a compreensão.

Como se vê, se o escritor não atentar para isso, perderá muito do seu texto.

Textos confusos não chegam a lugar nenhum.

 

 

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Imagem da Galeria A coerência é o encaixe perfeito para o entendimento do texto
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