O amor é o mais pungente dos sentimentos: é capaz de enlouquecer, matar e morrer.

Deixou uma única porta aberta, por ter certeza de que lá ninguém veria o que faria.

- Para isto então? A tortura?

Depois de estrompar o amarrado inútil a seus pés com a sentença lancinante de que tinha outro, ela lhe disse que poderiam ser amigos ainda, mas era apenas para que abrisse os olhos em suspiro.

Era sonho, sandice, desespero?

Ele não sabia.

Até que ela voltou e então o colocou para assistir às suas duras estocadas de desprezo.

Conseguiu seu intento sem muito esforço.

Ele estava morto, banhado em sangue, a carne putrefata.

Só interessava agora aos corvos, que vivem de estraçalhar carniças, e eles o sobrevoam ávidos.

Mas ele sabia que merecia tudo aquilo.

- Pago esta pena e todas as penas dos meus erros, disse em prantos.

E prosseguiu:

- Caminho resignado para a loucura ou a morte. Sou como os poetas românticos de mais de cem anos atrás, que morriam cedo, tuberculosos e cheios de amor.

Olhando para o céu em súplica:

- Eu ainda te amo, nunca vou deixar de amar. Por hora, a tristeza me consome na pedra fria. Nem Deus tem pena de mim agora.

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