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Candidatos ultrapassam limites por votos
Data de Publicação: 30 de outubro de 2020 18:08:00 O exagero na dose tem feito com que candidaturas teoricamente sérias se tornem objeto de piada e caiam no ridículo nesta eleição.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Candidatos fazem de tudo para alcançar o voto do eleitor, sobretudo do eleitor jovem. Alguns dançam com personagens de desenjo infantil até. Os limites foram todos ultrapassados em busca do voto.
Ao contrário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nem todos os políticos brasileiros acham que tudo que vem da China não presta. Na onda de sucesso do aplicativo produzido por lá, o Tik Tok, tem muito candidato nas eleições deste ano que resolveu se soltar e ultrapassa os limites para atingir o público jovem.
E não é só no aplicativo despojado, onde tudo acontece rapidamente, que a mudança de comportamento ocorre. Em outras redes sociais, candidatos se fantasiam, dramatizam como se fossem atores e até apelam a espetáculos de humor. Se um estranho chegasse aqui agora, iria achar que a demência grassa.
Entenda-se a palavra “demente” aqui sem nenhuma conotação pejorativa. Na verdade, a palavra "demente" vem de "da-mente". O filósofo francês Edgar Morin afirma que o ser humano é Sapiens e Demens, ou seja, pautado pela racionalidade e emoções e pela mente. E é neste sentido que se afirma o estado dos políticos.
Tudo está muito confuso mesmo. Temos um presidente persecutório e que é contra uma vacina, um senador que esconde dinheiro na cueca, candidatos como os do Tik Tok mencionados acima. Ninguém se importa com a Covid-19, com incêndios numerosos que destroem patrimônios mundiais, com a fome.
O pior de tudo isto é que a população ampliou a aprovação do presidente. E não viu que Bolsonaro usou auxílio emergencial para ganhar essa preferência e estourou o caixa. Não dá para separar a racionalidade das emoções. Só que há uma tendência para se achar justificativas simples e fáceis para resolver tudo.
Desde as fakes news nas últimas eleições para presidente, grande parte da população vive esse racionalismo e emoções projetadas no inimigo de forma tendenciosa, autoritária e paranóica. Tem gente estudada que dá explicações infantis para concordar com o que quer. A razão desaparece no caldo da emoção doentia.
Lamentavelmente, não há como escapar disso. Mas há que se ter reflexão crítica dos acontecimentos atuais. Carl Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, que fundou a psicologia analítica, já dizia: "Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino". Então muito cuidado.
Precisamos ver se vamos continuar batendo palmas para os eleitos dançarem, como Joice Hasselmann (PSL), que usa a personagem Peppa Pig como par e se intitula “Pepita do coração”, ou Clarissa Garotinho (Pros), que usa o pai, Garotinho, como par, ou se usaremos nossas mãos para votar em quem pode resolver.
Não é à toa que o aplicativo chinês foi o mais baixado na Apple Store e na Play Store em setembro deste ano, no Brasil, com mais de 6 milhões de downloads, um número muito expressivo se considerarmos que no mundo o aplicativo foi baixado por mais de 61,1 milhões de pessoas no mesmo período.
Claro, não se está aqui criticando a criatividade e a desinibição dos candidatos que se esforçam para chamar a atenção do eleitor. Está difícil mesmo fazer campanha. Não pode nada. E o que pode não chama a atenção, sobretudo dos eleitores mais jovens, muitos dos quais nem são obrigados a votar e não devem mesmo votar.
Para o professor de comunicação e marketing político da ESPM, Marcelo Vitorino, o uso do aplicativo pode ser benéfico, mas precisa saber usar. “É como um remédio, se usar na dosagem correta, ele vai trazer benefícios”, disse ele. O que está acontecendo é que a dose está exagerada demais.
O professor disse que um candidato à reeleição na cidade de Teixeira de Freitas (BA) usou corretamente o Tik Tok e conseguiu reduzir pela metade a sua rejeição. No caso desse candidato o que valeu foi o bom humor para desfazer a imagem desgastada, mas sem o abuso na forma e nem no conteúdo.
Ao contrário do que se pensa no senso comum, não vale tudo nessa tentativa, como tem candidatos brincando com a realidade, se dando apelidos curiosos e criando memes sobre ataques dos adversários. A questão é que não se pode partir para esse lado e se esquecer de que se trata de futuro de uma população inteira.
Até quem já concorreu à Presidência da República aderiu, como Guilherme Boulos (PSOL), que agora tenta a Prefeitura da capital paulista. Ele é o mais popular do Tik Tok entre os candidatos que aderiram ao aplicativo, com mais de 32 mil seguidores. Vendo isto se entende por que Jair Bolsonaro se comporta como se comporta.
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