Bolsonaro ensaia a mesma ação de Trump

6 de novembro de 2020

Bolsonaro ensaia a mesma ação de Trump

Data de Publicação: 6 de novembro de 2020 18:59:00 Presidente brasileiro imita o americano até em lançar suspeitas sobre o processo eleitoral e, como o colega, não prova nada.

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SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO

Bolsonaro volta a defender o voto impresso insinuando que pode haver fraude em 2022. A exemplo do colega Trump, que chora a derrota após um governo de poucos amigos, ele quer se garantir a qualquer preço.

 

 

Em vez de engrossar o coro das lamentações pela derrota nas eleições dos Estados Unidos, que é puxado por Donald Trump mesmo antes de saírem os resultados finais, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), deveria ocupar-se de criar relações com o aparentemente futuro presidente americano.

Isto porque a adesão, com direito à vassalagem incondicional, que Bolsonaro rendeu a Trump só serviu para mostrar a sua falta de sensibilidade à importância de uma política de relações internacionais, já que as suas até imitações do comportamento grotesco do presidente americano atual só lhe tiraram pontos.

O próprio Trump ignorou solenemente a existência do Brasil, sobretudo quando promoveu ampliações do alcance da reserva de mercado para produtos americanos. Joe Biden fará o mesmo tão logo assuma, porque a sua prioridade é a valorização doméstica, principalmente por conta dos estragos causados pela Covid-19.

A irresponsabilidade da negação da doença, feita pelo atual presidente americano e imitada aqui no Brasil por Bolsonaro, fez com que os Estados Unidos sofressem perdas monumentais econômica e diplomaticamente. A cada dia mais de 100 mil americanos estão engrossando a fila dos infectados.

Biden terá de produzir rapidamente um mega pacote fiscal, destinando abundantes recursos para a área da saúde e para a sustentação de empresas e empregados. Esta é a saída para enfrentar a ação do vírus, aliás uma providência que precisa ser imitada por diversos países, pois a crise só aumenta.

Não só na questão da saúde, Trump promoveu estragos também nas relações internacionais. Os primeiros a serem procurados por Biden para reverter esse quadro serão México e Canadá. Depois virão a China e também a Europa. Aí a Nicarágua. A América Latina vem em último lugar e o Brasil depois da Venezuela.

O novo presidente americano terá muitas dificuldades para governar em virtude da eleição apertada. Os congressistas mantêm a polarização das urnas e certamente criarão obstáculos para a aprovação de medidas importantes e necessárias. O estrago causado por governos destrambelhados dura anos e anos.

De qualquer forma, Joe Biden é um político experiente e que está treinado para as negociações com o Congresso americano. Entre as suas estratégias certamente estarão convites para republicanos comporem ministérios. Isto não será a solução, mas só a disposição para conversar já demonstra uma mudança radical de perfil.

Diante de todo esse quadro, o presidente brasileiro ainda está em busca de resgatar o voto impresso em papel. Na mesma tese do presidente americano, que vem denunciando fraudes na eleição e já falava disso antes do pleito, o seu discípulo aqui diz que é preciso ter um sistema mais seguro para a eleição de 2022.

Em uma rede social, ele disse que já tem um estudo avançado para propor o voto impresso novamente. Defendeu que esse sistema é mais seguro porque se poderia auditar, contar votos de verdade. E acrescentou que o Brasil deve ver o que acontece em outros países para buscar um sistema confiável para a sua eleição.

É lamentável que a preocupação do presidente seja voltar no tempo sob a alegação de que é mais confiável o papel que o eletrônico. Assusta o processo de negação de que tem se caracterizado o seu governo. Essa atitude já deu mostras de que não é a correta e tampouco a que menos prejuízos traz.

Além disso, o chefe do Executivo volta no tempo em que foi deputado federal e apresentou projeto com esse mesmo interesse e que acabou rejeitado, embora exista uma Proposta de Emenda à Constituição, a de número 135 de 2019, que também prevê o voto impresso com expedição obrigatória de cédulas físicas.

 

 

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Imagem da Galeria Os preisidentes do Brasil e dos Estados Unidos: sincronia no erro
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