Biden venceu, e agora?

9 de novembro de 2020

Biden venceu, e agora?

Data de Publicação: 9 de novembro de 2020 23:25:00 A vitória de Joe Biden nos Estados Unidos abre a possibilidade de reforma da democracia americana e por consequência a de todo o mundo.

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SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO

Novo presidente americano precisa atualizar o país no que se refere ao sistema eleitoral. A nação do Google não pode demorar dias para contar votos e tampouco ainda permitir a dúvida da seriedade do processo.

 

 

Muito mais significativo do que afastar do poder alguém que pensa como Donald Trump, a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos é uma esperança de que o novo presidente comande uma reforma profunda da democracia do seu país, o que refletirá de forma também considerável nas democracias de todo o mundo.

O que vimos nesta eleição é surreal. A maior potência do mundo, onde têm sede a Nasa, a Microsoft e o Google, foi obrigada a esperar dias pelo resultado de uma eleição. Foi obrigada a contar votos um a um que chegam pelo correio, um sistema tão velho quanto o inventado pelos faraós do antigo Egito há 5 mil anos.

O pior de tudo isto é que esse sistema é alvo de intensas críticas do candidato derrotado, que aponta fraudes. Curioso é que ele foi eleito em 2006 pelo mesmo sistema, mas só se apercebe dele quando perde. Com toda a má fama que políticos brasileiros têm em todo o mundo, o nosso sistema é muito melhor.

Em toda a história das urnas eletrônicas não houve nada comparado ao que promove Trump. E o resultado, doa a quem doer, sai em horas. A pandemia impediu o uso da biometria, que seria um avanço ainda maior. Nesse aspecto, a maior potência ainda precisa aprender muito e precisa de fato querer aprender.

Joe Biden tem essa condição de mudar essa estrutura por estar com 77 anos. Esta é a sua primeira e provavelmente última chance de fazer o que tem de ser feito. Por não depender de mais um mandato, não pode ter medo de promover as reformas que têm de ser feitas para pôr os Estados Unidos em sintonia com o novo.

Afinal, o sistema eleitoral americano é o mesmo desde 1787, quando se definiu por lá a Constituição Federal. A regra do colegiado na qual o presidente da República é escolhido por delegados estaduais, cujo número deveria obedecer a proporção da população de cada Estado está desatualizada. E é injusta.

O dispositivo foi criado em uma época em que as elites estaduais não queriam perder a autonomia para criar e administrar impostos e manter o trabalho escravo, que era a base do sistema produtivo. Hoje vivemos a era tecnológica. O controle não é mais dos Estados nacionais, mas de entidades transnacionais.

A grande virtude da democracia é a sua adaptação às mudanças e aos processos históricos. Desde a Pólis grega, onde estrangeiros, escravos e mulheres eram excluídos, até a representação da Inglaterra do século 18 foram mudanças significativas. E hoje já se promove redes de proteção e garantias de minorias.

Portanto, o primeiro passo para que não tenhamos mais situações como a que Trump protagoniza e que aqui também Jair Bolsonaro (sem partido) ensaia é a reformulação. A população dos novos tempos anseia por essas transformações, afinal a democracia precisa estar viva para se adaptar sempre.

Uma democracia que repete tempos em que os veículos de transporte ainda eram o navio e o cavalo, tempos que o trabalho escravo era legal e protegido pelo Estado, tempos em que não havia sequer o telefone, é uma democracia morta, sem o essencial do processo de evolução, que é adaptar-se continuamente.

Com Joe Biden, os Estados Unidos podem ter um governo mais democrático, menos mentiroso e mais aberto a colaborar com o mundo e consigo mesmo. Uma potência do seu porte pode muito. Que tenhamos agora então novos tempos, mas o novo presidente precisa ir além das palavras, das expectativas e das esperanças.

 

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Imagem da Galeria O novo presidente dos Estados Unidos tem muito trabalho a fazer
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