Aplicativo do TSE é uma ameaça à eleição

6 de outubro de 2020

Aplicativo do TSE é uma ameaça à eleição

Data de Publicação: 6 de outubro de 2020 11:50:00 ARTIGO - Modernização proposta pela Justiça Eleitoral traz comodidade para quem não quer ir às urnas na eleição deste ano.

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SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO

Justiça Eleitoral quer evitar aglomerações e proteger o eleitor, mas medida pode facilitar a abstenção no pleito deste ano. Pesquisas mostram que já existe uma tendência de alta das ausências desde 2000.

 

 

Na tentativa de facilitar a vida do eleitor e também de protegê-lo de uma possível contaminação pelo novo coronavírus, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) criou uma grande ameaça à eleição deste ano: trata-se de um aplicativo que vai permitir a justificativa de ausência no dia da votação por meio do celular.

Ao contrário dos outros anos, quando o eleitor era obrigado a ir aos locais de votação ou ao Correio depois do pleito para apresentar a sua justificativa, sob a ameaça de multa e de restrições diversas, como não poder participar de concurso público, obter passaporte ou RG, agora é só apertar um botão.

A novidade faz parte do pacote de medidas do TSE para garantir uma eleição mais segura em novembro. O aplicativo foi desenvolvido para funcionar como se o eleitor ausente estivesse nos locais de votação. Ou seja, para efeito prática será como era quando quem estava fora do local de votação ia justificar.

Está certo que o TSE queria dar uma resposta para aqueles que duvidavam que seria possível realizar uma eleição com segurança, mas permitir que o eleitor justifique sem sair de casa é quase como tornar o voto não obrigatório, ainda mais com a ansiedade que muitos estão de sair de casa para passear, ir à praia ou viajar.

Não custa alegar que não se sente seguro com o uso obrigatório de máscara nos locais de votação, com o distanciamento social nas filas e com a higienização das urnas eletrônicas e simplesmente apertar o botão no celular e não comparecer, ainda mais com o descrédito que a classe política experimenta há alguns anos já.

Afora essa movimentação natural no sentido de promover uma abstenção artificial, pesquisas mostram que já existe uma tendência de crescimento da ausência nas urnas nas últimas eleições: foi de 16% no ano 2000, ganhando um ponto percentual por eleição até chegar a 19% em 2012 e a 21% em 2016.

Em São Paulo, onde o resultado de 2016 saiu já no primeiro turno, a abstenção foi de 21,8% e já havia sido de 15,6% em 2008 e de 18,5% em 2012, o que reflete tendência de alta. No segundo turno da última eleição para prefeito no Rio de Janeiro, 26% dos eleitores não foram votar, próximo de Porto Alegre, onde foi 25%.

Resta aos candidatos não se restringirem a uma campanha que toque ao coração e a mente do eleitor, mas também a sua vontade para decidir sair de casa no dia da eleição. Ressalte-se que não será uma tarefa fácil, pois o eleitor tem outras possibilidades bastante fortes e mais convincentes que estão mais próximas dele.

É claro que não deveremos viver aqui ainda o que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde só a metade dos eleitores costuma ir votar, mas a abstenção tende a ser muito alta. Os políticos locais também não têm o hábito dos colegas americanos, que suplicam que os eleitores compareçam para votar.

O fato é que a situação criada pelo TSE favorecerá os candidatos que possuem nichos de eleitores demarcados, seja por religião, ideologia ou atuação geográfica, que estarão com ele em qualquer hipótese, como demonstraram os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última eleição e depois dela.

Perdem aqueles que não são conhecidos, que não estiveram na mídia antes e que nunca foram candidatos. Note-se que essa ação do TSE torna a eleição desigual em termos de oportunidades para esses candidatos. Além de fortalecer a posição daqueles que já estão no poder ou que já passaram por ele anteriormente.

 

 

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De segunda a sexta-feira tem um artigo novo neste espaço sobre política, economia ou negócios.

Imagem da Galeria Depois de modernizar processo de votação, TSE atualiza justificativa
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