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A máquina de costura
Data de Publicação: 20 de outubro de 2020 18:58:00 APRENDIZADO - As lições que a vida nos dá são inestimáveis e capazes de reconstruir caminhos, valorizar emoções e traduzir o sucesso.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Uma velha máquina de costura, que poderia ter sido abandonada e esquecida, trouxe uma lição sobre como enfrentar os problemas. Na vida sempre aprendemos quando estamos abertos ao aprendizado.
Minha mãe tinha uma máquina de costura bem velhinha quando eu e meus irmãos mais velhos começamos a trabalhar.
Ela adora costurar e na época fazia algumas costuras para vender.
Mas a máquina começou a apresentar um problema certa vez.
Em toda costura que fazia, ela mordia levemente o tecido.
Levamos para consertar.
O dono da oficina disse que há máquinas que mordem o tecido mesmo.
E nós dissemos:
- Mas e aí, o que fazer?
- Não há o que fazer, ele disse.
- Como não há? Tem de consertar.
O dono da oficina disse:
- Vocês não prestaram atenção quando eu afirmei que há máquinas que mordem o tecido?
- Sim, prestamos. Mas queremos uma solução. Não nos conformamos com isso.
Ele disse:
- Só há duas soluções. A primeira é compreender que há máquinas que mordem o tecido e usá-las sabendo disso. E, quando alguém perguntar: por que o tecido está mordido?, vocês respondem que a máquina que vocês têm morde o tecido. A outra solução é jogar a máquina fora.
Procuramos outras oficinas e o diagnóstico foi o mesmo sempre.
Então indagamos minha mãe se ela queria jogar a máquina fora, porque ela mordia o tecido e não tinha como consertar.
Minha mãe nos olhou com tristeza, afinal não era o que ela queria o resultado que a máquina dava e nem o resultado que todos queriam, mas ela gostava muito da máquina e gosta muito de costurar também naquela máquina.
Aí ela virou para nós e disse:
- Não. Vou ficar com a máquina.
E durante muito tempo dissemos a todos que notavam o tecido mordido que só nós tínhamos uma máquina especial que mordia o tecido daquele exato jeito. Não havia nenhuma outra máquina que mordia o tecido daquela forma.
As pessoas passaram a encarar o tecido mordido como uma marca nossa. Não deixaram de comprar as costuras de minha mãe.
Mas um dia a máquina deixou de morder o tecido, contrariando tudo que havíamos conhecido disso, inclusive os donos de oficinas que procuramos para consertar.
Não jogamos a máquina fora por isso, evidentemente. Passamos a vender as costuras como perfeitas e esquecemos a marca do tecido mordido que inventamos.
Era isso o que as pessoas esperavam antes, ou seja, uma costura perfeita, e não estranharam agora. Algumas pessoas ainda perguntaram do tecido mordido e, para manter a história, dissemos que ele voltaria em outro momento.
No final, minha mãe disse que nem tudo é como a gente quer e quando a gente quer, mas que isto não nos impede de viver, de ser feliz e de gostar do que temos.
E não impede mesmo
FIQUE SABENDO
Todas as terças e quintas tem uma crônica nova neste espaço.
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