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A desgraça de um dia
Data de Publicação: 2 de dezembro de 2020 14:26:00 ESCOLHAS - Os erros que cometemos nem sempre são reparados, nem sempre são perdoados, nem sempre são esquecidos, infelizmente.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Alguns erros que cometemos ficam para sempre, sobretudo os erros de escolhas. Alguns se tornam torturas para o resto dos nossos dias. Conviver com isto é o que faz a vida de muita gente mais difícil.
Quando apareceu,
o candidato se disse amigo.
Pediu-lhe ajuda.
Afirmou que tinha planos.
Era um bom homem.
Ajudou-o a pedir votos.
Deu-lhe abrigo,
fez-lhe a cama para dormir.
Alimentou-o.
Um dia, com as burras
cheias de voto,
o candidato virou
autoridade eleita insuspeita
e arranjou uma secretária.
Fez dela sua confidente.
Ela recebia todas as ordens.
Começou a mandar.
Não o queria mais na casa.
Mas sou o dono, argumentou.
Não importa.
O eleito se despediu.
E os planos?, perguntou.
Não cabem aqui.
Vou para lugar maior.
A secretária arranjou.
Não pode, disse-lhe.
Posso, retrucou.
Decidido, empurrou-o e saiu.
O eleito foi-se embora
com a secretária.
No outro dia vieram cobrar dele.
Queriam os votos de volta.
Não se aceitou
que o eleito os levou.
Como não os tinha,
destruíram a casa,
queimaram suas roupas,
levaram seus documentos
e o abandonaram só.
Estava na rua nu.
A imprensa o denunciou.
Foi levado à polícia.
Explicou sua desgraça.
Não acreditaram.
Queriam prendê-lo.
Ele contou então
que o eleito
lhe havia dito ter burras de votos,
todas escondidas,
que estavam onde a secretária
o levou para realizar os planos.
A polícia foi atrás
e o deixou em paz.
Mas ele nunca se livrou
de quem cobrava os votos de volta.
Ele não os tinha
e ninguém acreditava nisso.
Tornou-se um desgraçado
por acreditar.
E agora vive na vida que lhe resta
a desgraça de um dia.
FIQUE SABENDO
Toda quarta-feira tem uma poesia nova neste espaço.
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