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Candidatos apostam no ‘efeito ‘Bolsonaro’
Data de Publicação: 15 de outubro de 2020 16:00:00 Quanto mais absurdos falar, como o presidente, mais chances os postulantes estão vendo de se elegerem nas eleições deste ano.
SEM TEMPO? ENTÃO VEJA O RESUMO
Em vez de se preocupar com soluções para os problemas, candidatos preferem dizer absurdos. Cansado da política, o eleitor vê essa iniciativa como divertida e apoia. O resultado é uma campanha pasteurizada.
A exato um mês da eleição deste ano, o que se vê entre os candidatos a prefeito, desde a capital, passando pelas grandes cidades do interior, até os menores municípios, é um culto à ignorância, à desinformação, ao alheamento das questões fundamentais para a população, como faz o presidente.
Jair Bolsonaro (sem partido) vem pregando a desconsideração da ciência e da razão desde o início da pandemia. Para ele, o brasileiro precisa ser estudado, “porque ele não pega nada: você vê o cara pulando em esgoto ali, sai, mergulha, tá certo?, e não acontece nada com ele”. Em que mundo ele vive?
Mas os candidatos a prefeito principalmente perceberam que isso cola e não se fizeram de rogados. Estão usando o “efeito Bolsonaro” sem medida, apostando que a ignorância, a desinformação e o alheamento vão garantir votos. A julgar pelas pesquisas, que apontam popularidade a Bolsonaro, estão certos.
O candidato a prefeito de São Paulo, apadrinhado pelo presidente e que segue à risca a sua cartilha, também lidera. Ou seja, não se trata de protesto nem de voto de gozação, o que se vê é que a população chutou o balde. Vale não pensar, vale não se importar. O futuro é um castigo que virá queira ou não.
Mas as coisas não são assim não. O cidadão que hoje aposta que ser ignorante é o melhor, porque está de saco cheio da política, está assinando um cheque em branco para políticos. Está dando a chave do cofre para quem cansou de decepcioná-lo e que o levou a essa postura medonha de agora. Está pedindo para sofrer.
O mundo não vai acabar com esse ano e tampouco a vida de cada um vai mudar para melhor com essa atitude. O que os cidadãos, que podem escolher melhor e apontar caminhos para a solução dos problemas, estão fazendo é irresponsável. Estão abrindo mão do poder da decisão para não decidir.
Na campanha eleitoral das grandes cidades, o que se vê é que os candidatos não se preocupam mais com o que o eleitor precisa. Ao contrário, eles vendem kits prontos de soluções fantásticas como o vale isso ou o plano aquilo. Não se ataca os problemas. Não precisa. O eleitor quer ver propostas empacotadas. Será?
A situação não melhora nas pequenas cidades, onde o voto é sempre em quem o eleitor conhece e com quem tem contato. Mas tem eleitor dizendo como Tiririca na campanha em que se elegeu deputado: pior que está não fica. Até mesmo essa frase os maus políticos conseguiram tornar sem efeito piorando tudo.
As campanhas nesses municípios menores também estão apostando nos candidatos que usam o estilo Bolsonaro. O negócio é dizer absurdos para fugir da necessidade que deveria ser a principal a ser atendida, que é a apresentação de soluções para os problemas da população. Quanto pior a frase, mais aplauso.
A um mês da eleição, o cidadão precisa acordar para o que está se deixando fazer com ele. O melhor exemplo dessa pasteurização de propostas são os agora auxílios emergenciais. Os candidatos a prefeito perceberam que Bolsonaro cresceu na popularidade por pagar R$ 600 a quem mais precisa e também prometem o seu.
A primeira pergunta que se deve fazer sobre isso é de onde vão tirar o dinheiro. Foi assunto aqui esta semana que o orçamento do ano que vem vai ter de pagar os exageros deste ano. Por conta da pandemia, gastou-se até cinco vezes mais. Essa conta vai ser paga pelo cidadão. Você que paga impostos e que pagará mais.
As pessoas precisam encostar os candidatos na parede. Precisam saber deles se conhecem a cidade. Ser prefeito não é um capricho para quem navega em redes sociais e acha que tem o poder nas mãos. Tem candidato que não conhece nem os problemas principais da cidade. O que se dirá dos menos importantes.
A decisão é do eleitor, mas os danos são de todos. Nesta eleição, que deverá ter um índice altíssimo de abstenção por causa da pandemia e do aplicativo do TSE que permite a comunicação de ausência pelo celular, o eleitor tem mais responsabilidade. Não deixe que te chamem de idiota e ainda levem o seu voto.
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